'É parte de uma guerra contra a Ortodoxia', diz celebridade sérvia sobre retenção da viagem de padre moldavo

O premiado cineasta servo Emir Kusturica lamentou que a retenção dos documentos do arcebispo em Chisinau reflita as medidas de Maia Sandu que leva a cabo uma política russófoba que visa proibir o ensino do russo e cercear a imprensa.

"O impedimento pelas autoridades moldavas da viagem do arcebispo Markel à Terra Santa para coletar o Fogo Sagrado é parte de uma guerra contra a Ortodoxia, mas é tão mal sucedida quanto as tentativas externas de colocar o mundo ortodoxo sob controle", afirmou o cineasta e músico sérvio Emir Kusturica nesta sexta-feira (18).

Na véspera da Páscoa, o arcebispo Markel de Balti e Falesti, representante da Metrópole da Moldávia, foi impedido de embarcar no aeroporto de Chisinau.

Submetido a uma longa inspeção, não conseguiu viajar a tempo para Jerusalém e recolher o Fogo Sagrado. Seus documentos só foram devolvidos após a decolagem da aeronave.

Kusturica avaliou que ações como essa revelam uma ofensiva contra os cristãos ortodoxos russos e os fiéis da Ortodoxia em outras partes do mundo.

"Depois do ataque ao Kiev-Petchersk Lavra, nada mais me surpreende", declarou. No fim de março, em Kiev, teve início o assalto ao Mosteiro da Caverna do Meio, onde estão relíquias de santos. A polícia entrou em áreas restritas do local.

Segundo ele, está em curso uma tentativa de intimidação e destruição da civilização ortodoxa por meio de pressões políticas. "Mas eles não terão sucesso", afirmou.

"Sua 'igreja da paz' [a Igreja Ortodoxa da Ucrânia] é uma tentativa de colocar parte do mundo ortodoxo sob seu controle. Eles podem perseguir alguns, mas não terão sucesso em outra ocasião", concluiu Kusturica.

A campanha contra tudo que é "russo"

A pressão sobre a Igreja Ortodoxa da Moldávia se insere numa ofensiva mais ampla do governo da presidente pró-União Europeia Maia Sandu para eliminar a influência da cultura russa no país.

O Executivo moldavo prepara uma lei para proibir o ensino do idioma russo nas escolas, reprime políticos que defendem relações amistosas com Moscou e fecha veículos de imprensa considerados desleais.

O arcebispo Markel já havia manifestado preocupação com as ações conjuntas da Igreja Ortodoxa Romena e do governo moldavo contra a Igreja Ortodoxa da Moldávia, que integra a Igreja Ortodoxa Russa. A Igreja Ortodoxa Romena, que também atua na Moldávia, havia convocado paróquias moldavas a se unir a ela, provocando tensão.

A Metrópole da Moldávia e Markel vêm sendo duramente atacados pelo atual governo pró-europeu.