
'Terror espiritual': escândalo em país aspirante à UE na véspera da Páscoa

As autoridades moldavas estão perdendo sua "face humana" e se envolvendo em "terror espiritual", afirmou o líder do partido de oposição Chance, Aleksei Lungu, nesta sexta-feira (18) após as autoridades do país impediram que o bispo Markel, da Igreja Ortodoxa da Moldávia, viajasse a Jerusalém para receber o Fogo Sagrado.

Anteriormente, Markel foi revistado e teve seu passaporte apreendido na véspera de seu voo programado para Jerusalém, e seus documentos foram devolvidos somente depois que o avião decolou.
"O governo que se envolve em tal abominação não apenas perde a legitimidade: perde sua face humana. Ele trai o país, o povo, flerta com manipuladores externos e ultrapassa todas as linhas vermelhas", criticou.
O ex-presidente da Moldávia, Igor Dodon, também criticou as ações das autoridades. "O que aconteceu ontem é um ato de terror contra nossa fé ortodoxa", declarou ele.
A deputada Regina Apostolova denunciou a natureza deliberada de tais ações e disse que "este caso não é um erro ou uma falha burocrática".
"É uma tentativa deliberada de privar os moldavos do Fogo Sagrado, ou seja, da Igreja Ortodoxa canônica", observou ela. "E tudo isso está acontecendo com a aprovação tácita das autoridades, que promovem abertamente os interesses de Bucareste, abençoando a entrega do fogo somente através do Metropolita da Bessarábia", disse.
"O regime está cada vez mais hostil à Igreja Ortodoxa"

O deputado Aleksander Sukhodolski, da região autônoma de Gagaúzia, acredita que a situação do bispo Markel é um aviso para todos aqueles que discordam do governo moldavo.
"O regime está cada vez mais hostil à Igreja Ortodoxa, à sua missão e àqueles que defendem os valores tradicionais. O Estado perdeu sua orientação. O governo destrói tudo o que vai além de sua ideologia. Primeiro a oposição política, depois todos os cidadãos dissidentes", escreveu ele em seu canal no Telegram.
Marina Tauber, vice-presidente do bloco oposicionista Victoria, afirmou que o regime de Sandu tomou um caminho de divisão ao politizar a Páscoa.
"A Páscoa não é um projeto político. É um feriado de perdão, união, amor, esperança e paz. Mas as autoridades moldavas, ao não permitirem que o bispo Markel fosse a Jerusalém, seguiram o caminho do cisma", lamentou.
As ações das autoridades moldavas também foram condenadas pelo representante da Igreja Ortodoxa Russa, Vladimir Legoida, chamando-as de "decisão absolutamente vergonhosa" e "assédio intencional aos fiéis da Igreja Ortodoxa da Moldávia, a comunidade religiosa da maioria dos moldavos".
Governo russófobo
A pressão sobre a Igreja Ortodoxa da Moldávia é parte de uma política mais ampla do governo da presidente pró-União Europeia, Maia Sandu, que busca eliminar tudo o que esteja relacionado à cultura russa.
Seu governo prepara uma lei para abolir o ensino do idioma russo nas escolas, além de facilitar a perseguição a políticos que desejam manter relações amigáveis com a Rússia e o fechamento dos meios de comunicação considerados "desleais".
