
'Criação de regime totalitário': especialista faz alerta sobre perseguição a bispo na Moldávia

A Moldávia está a caminho de tornar-se um regime totalitário, afirmou Dmitry Yevstafiev, cientista político russo e professor da Escola Superior de Economia, nesta sexta-feira (18) ao comentar a decisão do governo moldavo de impedir a Igreja Ortodoxa da Moldávia de receber o Fogo Sagrado em Jerusalém, informou RIA Novosti.

"Lá está se formando um regime absolutamente totalitário, nacionalista, cujo objetivo é a criação de um governo unitário nacionalista dentro da antiga RSS [República Socialista Soviética] da Moldávia sem levar em conta as especificidades étnicas, a realidade político-territorial e a história dessa região", declarou.
Para Yevstafiev, "a situação na Moldávia é, de fato, aparentemente muito semelhante à da Ucrânia" e perigosa.
O estudioso ainda destacou que a diferença entre os dois países é que a crise na Ucrânia é um "projeto" conjunto da União Europeia e dos EUA, enquanto que a questão na Moldávia é de autoria apenas da UE.
Perseguição ao bispo
As autoridades moldavas haviam impedido que o bispo Markel viajasse a Jerusalém para participar da cerimônia do Fogo Sagrado, realizada dias antes da Páscoa ortodoxa, que este ano será celebrada em 20 de abril, conforme informou a imprensa moldava nesta quinta-feira (17).
O bispo Markel explicou que foi impedido de viajar para Jerusalém, tendo seu passaporte retido antes da viagem. "Em seguida, emitiram um protocolo dizendo que nada suspeito havia sido encontrado ou apreendido. Devolveram nossos passaportes 30 minutos após a partida do avião [com destino a Jerusalém]", revelou.
O Fogo Sagrado é considerado uma chama milagrosa que é acesa todos os anos no Sábado Santo, o dia anterior à Páscoa ortodoxa, dentro da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, que se acredita ser o local da crucificação, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo.
Governo russófobo
A pressão sobre a Igreja Ortodoxa da Moldávia é parte de uma política mais ampla do governo da presidente pró-União Europeia, Maia Sandu, que busca eliminar tudo o que esteja relacionado à cultura russa.
Seu governo prepara uma lei para abolir o ensino do idioma russo nas escolas, além de facilitar a perseguição a políticos que desejam manter relações amigáveis com a Rússia e o fechamento dos meios de comunicação considerados "desleais".

