
China busca aliança inesperada em meio à guerra comercial de Trump

Apesar de vários obstáculos, a China busca estreitar laços com a União Europeia para compensar as perdas geradas pela guerra comercial lançada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou o Financial Times nesta quinta-feira (17).
Delegações comerciais chinesas participaram, nas últimas semanas, de eventos em cidades europeias como Estocolmo, Budapeste, Oslo e Hanover, com o objetivo de atrair investimentos para a China, enquanto fábricas do país exploram a possibilidade de desviar produtos para o mercado europeu. Líderes do bloco também manifestaram a necessidade de cooperação mais próxima após a imposição de tarifas de 10% à União Europeia pelo governo Trump.
"É hora de recomeçar"
"É hora de a China e a Europa recomeçarem", afirmou Zhang Yansheng, pesquisador da Academia Chinesa de Pesquisa Macroeconômica, observando que a guerra tarifária oferece "uma oportunidade para repensar as relações comerciais".

No entanto, para melhorar o relacionamento entre Pequim e Bruxelas, as partes deverão resolver uma série de divergências tanto na esfera econômica quanto na política.
A necessidade de aprimorar as relações e de se opor conjuntamente às tarifas dos EUA também foi manifestada pelo primeiro‑ministro espanhol, Pedro Sánchez, e pelo presidente chinês Xi Jinping durante a visita do primeiro a Pequim.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu posição semelhante, apesar de seu apoio à diversificação das cadeias de suprimentos e à redução do comércio com o país asiático.
Obstáculos
Apesar do desejo de reaproximação, os dois lados terão de superar desafios. Muitas empresas europeias estão relutantes em investir no gigante asiático e, segundo pesquisa da Câmara de Comércio da UE na China, demonstram pessimismo em relação ao potencial de crescimento e de lucro no país.
Os desequilíbrios na balança comercial também preocupam os europeus, já que as exportações chinesas para o bloco mais que dobraram as importações no ano passado.
As relações ficaram ainda mais desgastadas por investigações da UE sobre empresas chinesas como a Huawei e pelo fornecimento de categorias inteiras de produtos — como veículos elétricos — que desencadearam novos aumentos tarifários.
"O relacionamento da Europa com Pequim despencou para novos patamares", afirmou Noah Barkin, do Rhodium Group, que acredita que "é difícil, dado esse cenário, prever qualquer tipo de distensão entre Bruxelas e Pequim".
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