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Entenda porque a OPEP decide o preço do petróleo no mundo (e o que isso tem a ver com você)

Entenda como a organização formada por países produtores impacta sua vida e a economia global
Entenda porque a OPEP decide o preço do petróleo no mundo (e o que isso tem a ver com você)Gettyimages.ru / Buda Mendes

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, mais conhecida como OPEP, é uma das forças mais influentes no mercado mundial de petróleo. Ela reúne países que produzem petróleo e, juntos, controlam mais de um terço de toda a produção do mundo. Isso significa que qualquer decisão tomada pela OPEP pode afetar diretamente todo o planeta.

O controle dos preços do petróleo pela OPEP impacta diretamente o dia a dia da população, mesmo que isso nem sempre seja perceptível. Quando a organização decide reduzir a produção e o preço do barril sobe, isso costuma se refletir rapidamente no valor da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

Como esses combustíveis estão por trás do transporte de pessoas, alimentos e mercadorias, tudo tende a ficar mais caro, do pãozinho da padaria ao valor das passagens de ônibus. Além disso, o aumento nos custos de energia pode pressionar a inflação, afetando o poder de compra das famílias, especialmente as de renda mais baixa.

Criação da organização

A OPEP surgiu em 1960, quando cinco países decidiram se unir: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela. Na época, as grandes empresas de energia da Europa e dos Estados Unidos dominavam o mercado de petróleo. Essas empresas eram conhecidas como as Sete Irmãs e controlavam a produção, os preços e a distribuição do petróleo.

Para mudar esse cenário, os cinco países fundaram a OPEP como uma forma de defender seus interesses e garantir mais autonomia sobre seus próprios recursos naturais. Um dos idealizadores da organização foi Juan Pablo Pérez Alfonzo, ministro do Petróleo da Venezuela na época. Ele acreditava que os países ocidentais estavam abusando do consumo de energia e que a única forma de frear isso era aumentar o preço do petróleo. Assim, esses países teriam que consumir menos.

Hoje, a OPEP tem 12 membros, incluindo os cinco fundadores e mais: Emirados Árabes Unidos, Líbia, Argélia, Nigéria, Gabão, Guiné Equatorial e República Popular Democrática da Coreia.

Quais são seus objetivos?

Segundo o próprio estatuto da organização, a OPEP existe para:

  • Coordenar e unificar as políticas de petróleo dos países que fazem parte dela.

  • Estabilizar o mercado de petróleo, ou seja, evitar que o preço suba ou caia demais de forma repentina.

  • Garantir que os consumidores tenham acesso ao petróleo de forma eficiente e a um preço justo.

  • Assegurar uma renda estável para os países produtores e um bom retorno para quem investe no setor de petróleo.

Como funciona?

Cada país membro recebe uma cota de produção, ou seja, uma quantidade de petróleo que pode extrair. Quando o preço do petróleo sobe ou cai muito, a OPEP pode alterar essas cotas para tentar equilibrar o mercado. Como o petróleo é um dos principais combustíveis usados no mundo, qualquer mudança pode afetar preços de transporte, energia e até alimentos.

A OPEP é liderada por um secretário-geral, eleito para um mandato de três anos. Desde 2022, o cargo é ocupado por Haitham al Ghais, um diplomata do Kuwait.

Duas vezes por ano, os representantes dos países se reúnem na sede da organização, que fica em Viena, na Áustria, para discutir o mercado e tomar decisões em conjunto.

Seu papel na energia mundial

Os países membros da OPEP:

O que é a OPEP+?

Além dos países membros, a OPEP também colabora com outros grandes produtores de petróleo que não fazem parte oficialmente da organização. Esse grupo ampliado ficou conhecido como OPEP+.

A OPEP+ surgiu em 2016, quando dez países, entre eles Rússia (o terceiro maior produtor do mundo), México e Cazaquistão, fizeram um acordo com a OPEP para reduzir a produção de petróleo e, assim, tentar conter a queda nos preços provocada pela chamada "revolução do xisto" nos Estados Unidos, que aumentou muito a oferta de petróleo no mercado.

Mais tarde, em 2020, durante a pandemia da covid-19, a OPEP+ voltou a cortar a produção para evitar uma queda ainda maior nos preços, já que a demanda por energia caiu muito no mundo todo.

Em 2025, o Brasil anunciou que vai ingressar na OPEP+, participando desse grupo de países que cooperam para equilibrar o mercado de petróleo.

Críticas à OPEP

A OPEP já foi acusada de ser um monopólio, ou seja, um grupo que controla sozinho um setor importante da economia por Donald Trump. Em seu primeiro mandato, o presidente dos Estados Unidos criticou a OPEP por, segundo ele, manter os preços do petróleo "artificialmente altos".

Depois dele, Joe Biden também fez críticas, especialmente quando a OPEP decidiu cortar a produção, o que fez o preço do petróleo subir. Para Biden, essa decisão atrapalhou os planos dos EUA de combater a inflação e de reduzir os lucros da Rússia com a venda de energia. Ele chamou a medida de "míope", dando a entender que era uma estratégia de curto alcance.

Além disso, dentro da própria OPEP há conflitos de interesse entre os países membros. Alguns países, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, têm populações menores e conseguem manter sua posição no mercado mesmo com o preço do petróleo mais baixo.

Já outros países, como Venezuela, Nigéria e Irã, têm populações grandes e dependem de preços mais altos do petróleo para financiar seus programas sociais e combater a pobreza.

Apesar dessas diferenças, as decisões dentro da OPEP são tomadas de forma unânime, o que ajuda a manter a coesão do grupo mesmo em tempos de crise.