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'Euronazismo': Moscou reage a ameaças da UE a quem viajar à Rússia para celebrar o Dia da Vitória

Maria Zakharova comentou as notícias de que a União Europeia não admitiria a Sérvia no bloco caso seu presidente participe do desfile militar em Moscou.
'Euronazismo': Moscou reage a ameaças da UE a quem viajar à Rússia para celebrar o Dia da VitóriaGettyimages.ru / Anadolu

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentou nesta terça-feira (15) sobre reportagens que afirmam que a União Europeia não aceitaria a entrada da Sérvia no bloco, caso o presidente Aleksandar Vucic viaje a Moscou para assistir ao desfile militar do Dia da Vitória.

"Se isso for verdade, então o euronazismo está ressurgindo diante dos nossos olhos. Foi assim que os fascistas, há 80 anos, obrigaram aqueles que consideravam 'pessoas de segunda classe' a renunciar à sua pátria, à sua etnia e à sua fé", escreveu em seu canal no Telegram.

"Observamos se estão do nosso lado ou jogando no time adversário"

Nesta terça-feira, o jornal The Telegraph informou que autoridades europeias alertaram o líder sérvio — que recentemente confirmou que se reunirá com seu homólogo russo, Vladimir Putin, "após três anos e meio", por ocasião do 80º aniversário do fim da Grande Guerra Patriótica (1941–1945) — de que a visita violaria os critérios de adesão ao bloco. Belgrado solicitou sua entrada na UE em 2009 e foi reconhecida como candidata em 2012.

"Precisamos deixar claro que certas decisões têm um custo", declarou Jonatan Vseviov, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores da Estônia, acrescentando que "a consequência é que não entrarão na UE". "Os russos estão se empenhando muito para garantir a presença de autoridades. [...] Para nós, isso será uma prova de fogo importante. Basicamente, observamos se estão do nosso lado ou jogando no time adversário", completou.

Moscou espera mais de 20 líderes mundiais

Anteriormente, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, advertiu que a participação em desfiles militares ou em outros atos comemorativos do 80º aniversário da vitória sobre o nazismo na Rússia "não será encarada com leveza do lado europeu". "Deixamos muito claro que não queremos que nenhum país candidato participe desses eventos em Moscou, no dia 9 de maio", afirmou após reunião com ministros das Relações Exteriores em Luxemburgo.

Em linha semelhante, a chanceler da Letônia, Baiba Braze, declarou que os Estados-membros deram "instruções muito claras" para que "os candidatos não participem dos atos de 9 de maio, conforme os valores da União Europeia".

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, informou que são esperadas mais de 20 presenças de chefes de Estado e de governo no desfile militar em comemoração aos 80 anos da vitória sobre o nazismo, no próximo 9 de maio em Moscou. Além do presidente da Sérvia, vários líderes e altas autoridades internacionais anunciaram seus planos de visitar a capital russa na data, entre eles os presidentes da China, Venezuela, Brasil e Cuba, entre outros.

Simbolismo do evento

Segundo dados oficiais, a União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas — entre civis e militares — durante a Grande Guerra Patriótica (1941–1945). Essas perdas representam uma das páginas mais trágicas da história mundial e ilustram a contribuição decisiva da URSS para a vitória sobre a Alemanha nazista.

O Exército Vermelho libertou total ou parcialmente os territórios da então Romênia, Polônia, Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Alemanha, Noruega e Dinamarca, entre outros países, onde viviam mais de 100 milhões de pessoas.