Notícias

UE não aceitará a entrada da Sérvia se Vucic viajar a Moscou para celebrar vitória sobre o fascismo

Autoridades europeias alertaram o presidente sérvio de que a visita violaria critérios de adesão ao bloco, segundo o The Telegraph.
UE não aceitará a entrada da Sérvia se Vucic viajar a Moscou para celebrar vitória sobre o fascismoAP / Darko Vojinovic

A Sérvia pode ser impedida de ingressar na União Europeia caso o presidente Aleksandar Vucic viaje à Rússia para participar do desfile militar do Dia da Vitória, marcado para 9 de maio em Moscou, conforme informou o The Telegraph.

Autoridades da UE alertaram o líder sérvio — que recentemente confirmou que se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin, "depois de três anos e meio", na ocasião do 80º aniversário do fim da Grande Guerra Patriótica (1941–1945) — de que essa visita representaria uma violação aos critérios exigidos para adesão ao bloco. Belgrado apresentou pedido de entrada na UE em 2009 e foi reconhecida como candidata à adesão em 2012.

"Precisamos garantir que eles entendam que certas decisões têm um custo", afirmou o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores da Estônia, Jonatan Vseviov. Segundo ele, "a consequência é que não entrarão na UE".

Ele acrescentou: "Os russos se esforçaram muito para que as pessoas compareçam. [...] Para nós, isso será uma prova de fogo importante. Basicamente, queremos ver se estão do nosso lado ou se jogam no time adversário".

Até o momento, Vucic não comentou as informações divulgadas.

Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou em seu canal no Telegram que, "se isso for verdade, então o euronazismo está ressurgindo diante dos nossos olhos". Ela completou: "Foi exatamente assim que os fascistas de 80 anos atrás forçaram os que consideravam 'pessoas de segunda classe' a renunciar à sua pátria, à sua etnia e à sua fé".

Moscou espera mais de 20 líderes mundiais

Nesta segunda-feira, a alta representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança, Kaja Kallas, alertou que a participação em desfiles militares ou outros eventos comemorativos do 80º aniversário da vitória sobre o nazismo, na Rússia, "não será tratada com leveza pelo lado europeu".

Após reunião com ministros das Relações Exteriores em Luxemburgo, ela afirmou: "Deixamos muito claro que não queremos que nenhum país candidato participe desses eventos em Moscou no dia 9 de maio". A ministra das Relações Exteriores da Letônia, Baiba Braze, reforçou a posição, dizendo que Bruxelas deu "instruções muito claras" para que "os países candidatos [à adesão ao bloco] não participem das celebrações do dia 9 de maio, conforme os valores da União Europeia".

Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, informou que são esperados mais de 20 chefes de Estado e de Governo para o desfile militar em comemoração aos 80 anos da vitória sobre o nazismo. Além do presidente da Sérvia, diversos líderes mundiais anunciaram planos de visitar Moscou no dia da celebração, incluindo os presidentes da China, Venezuela, Brasil e Cuba, entre outros.

Enquanto isso, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, afirmou que se opõe ao que classificou como "advertência e ameaça" de Kallas, considerando-as "desrespeitosas", e confirmou sua presença no desfile de 9 de maio em Moscou. "Ninguém pode me dizer para onde devo ou não devo viajar. Irei a Moscou prestar meus respeitos aos milhares de soldados do Exército Vermelho que morreram na libertação da Eslováquia", declarou.

Contribuição decisiva da URSS para a vitória

De acordo com dados oficiais, a União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas, entre soldados e civis, durante a Grande Guerra Patriótica (1941–1945). Essas perdas representam uma das páginas mais trágicas da história mundial e evidenciam o papel crucial da URSS na vitória sobre a Alemanha nazista.

Em meio a combates ferozes contra as forças do regime de Hitler, a URSS conseguiu virar o rumo do conflito a seu favor. A derrota das tropas nazistas foi decisiva para o êxito da missão libertadora do Exército Vermelho: impulsionadas por essas vitórias, as populações dos países ocupados intensificaram sua resistência, mas apenas uma força militar poderosa foi capaz de libertá-las do domínio nazista.

Assim, o Exército Vermelho libertou total ou parcialmente os territórios da então Romênia, Polônia, Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Alemanha, Noruega e Dinamarca, entre outros, onde viviam mais de 100 milhões de pessoas.