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'Russófoba maluca' - presidente do parlamento russo sobre chefe da diplomacia europeia

"Chegará o momento em que ela e os semelhantes serão responsabilizados por seus atos de profanação da memória dos heróis que salvaram o mundo", declarou Vyacheslav Volodin em resposta à Kaja Kallas por incitar países candidatos à UE a não comemorar a vitória soviética contra o nazismo.
'Russófoba maluca' - presidente do parlamento russo sobre chefe da diplomacia europeiaSputnik / Pyotr Bernstein

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, deveria ser levada ao tribunal internacional da ONU, declarou, nesta terça-feira (15), Vyacheslav Volodin, presidente da Duma Estatal, a câmara baixa do parlamento russo.

O político comentou as declarações da Alta Representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança que pressionou os países candidatos a se absterem de participar dos eventos comemorativos da vitória soviética sobre o nazismo.

Mensagem forte

"A russófoba maluca lançou um ultimato não apenas aos países da UE, mas também aos candidatos que estão discutindo a adesão à UE, exigindo que eles se recusem a viajar para o nosso país durante as comemorações do 80º aniversário da Grande Vitória", lembrou Volodin em seu canal do Telegram.

"Kallas deve ser demitida e levada a um tribunal internacional da ONU", insistiu.

Volodin também descreveu as declarações como "desrespeitosas à memória daqueles que se sacrificaram para salvar o mundo do fascismo". Ele lembrou que 27 milhões de cidadãos soviéticos e mais de 800 mil tropas da coalizão anti-Hitler, incluindo os EUA e o Reino Unido, perderam suas vidas na vitória contra o nazismo. 

O mundo que eles salvaram "deve sempre lembrar e honrar sua memória". "Devemos fazer todo o possível para isso", enfatizou.

O presidente da Duma acredita que vários erros dos políticos podem ser perdoados, "exceto um: a profanação da memória daqueles graças aos quais todos nós vivemos hoje". "Se não fosse pelos feitos heroicos dos soldados e oficiais soviéticos há 80 anos, não haveria uma Europa", observou, explicando que a Rússia "aprovou uma lei que proíbe a reabilitação do nazismo" e "há regras que permitem que pessoas como Kallas sejam levadas à justiça".

"Chegará o momento em que ela e seus pares serão responsabilizados por seus atos de profanação da memória dos heróis que salvaram o mundo. É nosso dever protegê-los", concluiu.

Valores europeus?

Na segunda-feira (14), a chefe da diplomacia europeia advertiu que a participação em desfiles militares ou outros eventos comemorativos do 80º aniversário da vitória soviética sobre o nazismo "não será não será vista com bons olhos".

"Houve muita discussão sobre o alinhamento de valores da Política Externa e de Segurança Comum, incluindo sanções e instruções muito claras dos estados-membros da UE para que os candidatos não participem do desfile de 9 de maio em Moscou e para que não viajem para lá pois isso não está de acordo com os valores da UE", declarou.

Vários líderes mundiais já confirmaram que irão a Moscou no dia da comemoração da vitória na Grande Guerra Patriótica (1941-1945), incluindo os presidentes da China, Sérvia, Venezuela e Cuba, bem como o primeiro-ministro da Eslováquia, entre outros.

Tentativas de reescrever a história

Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha havia proibido a Rússia e Belarus de participarem dos eventos comemorativos do 80º aniversário da libertação da Alemanha do domínio nazista a serem realizados em Berlim e Brandemburgo. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, chamou a decisão de "retomada do nazismo".

Além disso, a delegação russa não foi convidada para a comemoração do 80º aniversário da libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945. O presidente russo, Vladimir Putin, chamou a decisão de "estranha" e "vergonhosa".

Moscou tem destacado repetidamente que vários países ocidentais estão tentando reescrever a história e enfatizou que a Rússia tem a obrigação de garantir que a verdade sobre a Segunda Guerra Mundial seja preservada, bem como de resistir às tentativas de falsificar sua história.

A enorme contribuição da URSS para a vitória

De acordo com os números oficiais, a União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas entre soldados e civis durante a Grande Guerra Patriótica entre 1941 e 1945. Essas perdas constituem uma das páginas mais trágicas da história da humanidade e refletem a contribuição decisiva da URSS para a vitória sobre a Alemanha nazista.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Áustria, Albânia, Bélgica, Dinamarca, Grécia, Luxemburgo, Noruega, Holanda, Polônia, França, Tchecoslováquia e Iugoslávia encontravam-se sob o jugo dos agressores fascistas. Enquanto isso, a Hungria e a Romênia, aliadas da Alemanha nazista, bem como a Bulgária e a Finlândia, perderam sua independência.

Durante os ferozes confrontos com as forças do regime de Hitler, a URSS conseguiu virar o conflito de maneira decisiva a seu favor. A derrota das tropas nazistas foi um fator decisivo para o cumprimento da missão libertadora do Exército Vermelho. Inspirados pelas vitórias soviéticas, os povos dos países ocupados pela Alemanha fortaleceram sua resistência, mas somente uma força militar poderosa poderia libertá-los do domínio nazista.

Assim, o Exército Vermelho ajudou na libertação de todo ou parte dos territórios da então Romênia, Polônia, Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Alemanha, Noruega e Dinamarca, entre outros países, onde viviam mais de 100 milhões de pessoas.