Conheça a atiradora de elite soviética que matou mais de 300 nazistas na Segunda Guerra Mundial

Com apenas 25 anos, Ludmila Pavlichenko entrou no campo de batalha como soldado do Exército Vermelho lutando contra os nazistas na Grande Guerra Patriótica e espalhando a fama dos soldados soviéticos e de seus ideais por todo o mundo.

Ludmila Pavlichenko foi uma das mais famosas atiradoras de elite da história com um total de 309 mortes confirmadas , incluindo 36 atiradores inimigos, durante a Segunda Guerra Mundial .

Juventude de Pavlichenko

Nascida em 1916 em Belaya Tserkov, República Soviética da Ucrânia, Pavlichenko mudou aos 14 anos de idade com a família para Kiev, onde começou a trabalhar em uma fábrica enquanto ainda estudava na escola.

Segundo o Portal de História da Rússia, a futura heroína soviética tornou-se atirada "por puro acaso" quando passou em um parque com os amigos e decidiu ir a um clube de tiro para "tirar em latas". Lá, o administrador do local ficou sabendo das capacidades da menina e o convenceu a frequentar a escola de atiradores de elite, que ela concluiu com sucesso um pouco antes da guerra começar enquanto ainda cursava na faculdade de história.

Em 1932, Ludmila deu luz a um filho, chamado Rostislav, que criou sozinha após se divorciar do marido.

Início da guerra

Quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética em junho de 1941, Pavlichenko ainda cursava o quarto ano da universidade e se estagiava em um museu à beira do Mar Negro. Ela então decidiu se alistar no Exército Vermelho como voluntário e foi mandada para a 25ª Divisão de Rifles Chapaev.

"Não a deixou pegar em um rifle por mais de um mês, dizendo 'uma mulher não pode atirar melhor que um homem'. Ela mudou esse paradigma, pois tinha completa de suas habilidades e estava completamente determinada a se vingar dos agressores nazistas", — conto em entrevista à RT a historiadora e escritora Alla Begunova.

Utilizando um rifle de ferrolho soviético Mosin-Nagant, Ludmila iniciou uma luta em Odessa. Já no primeiro combate, matou dois soldados inimigos, número que depois aumentou para 187. A defesa heroica da cidade durou de agosto a outubro de 1941, até que a operação do Exército Vermelho teve de ser evacuada.

Cerco de Sebastopol

Em maio de 1942, as forças nazistas intensificaram os ataques contra a cidade estratégica de Sebastopol (Crimeia), para onde a divisão de Pavlichenko foi deficiente.

Ludmila se destacou nas batalhas, elevando sua contagem de inimigos abatidos para 309, dos quais 36 eram atiradores de elite.

A fama da talentosa mulher-atiradora chegou às tropas de Hitler, que atraiu Pavlichenko para armadilhas ludibriando-a com espantalhos e também soltando animais nos locais dos duelos para distraí-la. Mas cada encontro com outra "colega" trazia uma nova vitória para Ludmila.

Em junho de 1942, a atiradora foi retirada da frente após ficar ferida com um tiro de morteiro. Em 1943, recebeu o título da Heroína da União Soviética.

Em 1º de julho de 1942, a resistência de Sebastopol foi contida em várias partes da cidade e acabou caindo para as tropas nazistas ainda no final daquele mês. A 25ª Divisão de Rifles, na qual Pavlichenko tinha serviços, foi completamente eliminada

Promoção de ideias

Depois de se recuperar do ferimento, Ludmila embarcou em agosto de 1942 em uma viagem promocional aos Estados Unidos e Canadá com outro franco-atirador, Vladimir Pchelintsev, como parte de uma delegação de jovens soviéticos para participar de eventos com jornalistas e políticos. Foi apelidada de "Lady Death" (Senhorita Morte) pelos jornais americanos. A viagem tinha como objetivo convencer os aliados ocidentais a abrirem uma segunda frente para combater a Alemanha nazista que até então havia praticamente toda a Europa Ocidental.

Em Chicago, diante de uma grande audiência, disse em tom de reprovação para angariar apoio à abertura do segundo fronte: "Tenho 25 anos e já matei 309 invasores nazistas na frente de batalha. Os senhores não acham que já estão se escondendo atrás das minhas costas por tempo demais?", provocando uma salvação de apoio entre o público.

Como parte da delegação, Ludmila foi recebida pelo presidente dos EUA, Franklin Roosevelt. A atração de elite até se tornou amiga da primeira-dama americana, Eleanor Roosevelt, tornando-se a primeira cidade soviética a ser recebida na Casa Branca. 

Após retornar à URSS, Pavlichenko serviu como instrutor na escola de atiradores de elite, transmitindo seu conhecimento e experiência a uma nova geração de combatentes contra o nazismo.

Após a vitória sobre a Alemanha nazista, Pavlichenko concluiu seus estudos universitários, interrompido pela guerra, e tornou-se pesquisadora do Estado-Maior da Marinha da URSS. Em seguida, trabalhou para o Comitê Soviético de Veteranos de Guerra. Ludmila morreu em 1974 aos 58 anos de idade.