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Segredos do Titanic: digitalizações 3D do naufrágio revelam detalhes dos últimos momentos do transatlântico

O documentário de 90 minutos, que inclui 715 mil imagens capturadas digitalmente, explora meticulosamente o local dos destroços onde centenas de objetos pessoais podem ser vistos, oferecendo uma perspectiva pungente das vidas perdidas.
Segredos do Titanic: digitalizações 3D do naufrágio revelam detalhes dos últimos momentos do transatlânticoGettyimages.ru / Ralph White

Um estudo de digitalização em três dimensões dos destroços do Titanic revelou novos detalhes que confirmam relatos de testemunhas oculares e traz novas perspectivas sobre o trágico naufrágio do navio que jaz a 3.800 metros de profundidade no fundo do Oceano Atlântico.

No documentário intitulado "Titanic: A Ressurreição Digital", que foi lançado em 11 de abril, data que marca o 113º aniversário do naufrágio do RMS Titanic, a National Geographic em parceria com a Atlantic Productions apresenta uma versão digital do navio gerada a partir de 715 mil imagens digitais.

O modelo foi desenvolvido pela empresa de mapeamento de águas profundas Magellan utilizando a mais recente tecnologia de escaneamento subaquático. O cineasta Anthony Geffen e sua equipe acompanharam o processo, proporcionando uma visão detalhada e inovadora do famoso transatlântico.

"O modelo é tão detalhado que uma representação em vídeo em tamanho real pode ser projetada em um galpão onde os pesquisadores podem caminhar ao lado dele e ampliar ou diminuir o zoom sobre detalhes individuais", de acordo com a National Geographic.

A varredura, que consiste em 16 terabytes de dados, equivalente a aproximadamente seis milhões de livros eletrônicos, foi realizada durante três semanas em 2022. Dois veículos operados remotamente, chamados Romeu e Julieta, tiraram as fotos e fizeram milhões de medições a laser.

Navio por pouco não afundou

Um dos aspectos mais notáveis do documentário é a descoberta de uma válvula de vapor aberta nos destroços, o que reforça a teoria de que dezenas de membros da tripulação continuaram a operar os fornos para manter o fornecimento de eletricidade pelo maior tempo possível. Isso vai de encontro aos relatos de sobreviventes segundo os quais as luzes permaneceram acesas enquanto o navio afundava.

O documentário de 90 minutos também explora detalhadamente uma área de 28 quilômetros quadrados de destroços com centenas de objetos pessoais de seus passageiros, incluindo relógios de bolso, bolsas, moedas de ouro, pentes, sapatos e um amuleto de dente de tubarão, oferecendo uma visão pungente das vidas perdidas, diz a National Geographic.

Além disso, os especialistas criaram uma simulação de computador para melhor compreenderem a fatídica colisão do transatlântico com um iceberg e descobriram algo surpreendente: o navio por pouco não afundou, informa o The Times. De acordo com a simulação, a colisão durou pouco mais de seis segundos e sugere que algumas das perfurações não eram maiores do que duas folhas de papel sulfite. O Titanic foi projetado para se manter à tona mesmo com quatro compartimentos inundados, mas o rasgo no casco do navio perfurou seis compartimentos.

Isso reforça a teoria de que a tentativa de desviar do iceberg definiu o destino do navio, pois uma colisão frontal o teria mantido flutuando, já que, desta forma, apenas os quatro compartimentos dianteiros teriam sido danificados.

"Ele não se partiu em dois; ele se rasgou violentamente"

O documentário também contrasta com a descrição cinematográfica de James Cameron em seu filme "Titanic" de 1997, no qual o navio se parte em dois ao afundar.

"O Titanic não se partiu em dois; ele se rasgou violentamente destruindo as cabines de primeira classe onde passageiros ilustres como J.J. Astor e Benjamin Guggenheim podem ter se refugiado enquanto o navio afundava", disse a National Geographic.

Os especialistas apresentaram provas que inocentam o imediato William Murdoch, que há muito tempo é acusado de ter abandonado seu posto. De acordo com o documentário, Murdoch e sua tripulação foram arrastados para o mar e não conseguiram alcançar os poucos botes salva-vidas a bordo.

O navio de luxo atingiu um iceberg a menos de 644 quilômetros ao sul do Canadá por volta das 23h40 de 14 de abril de 1912 e afundou três horas após a colisão. Dos 2.240 passageiros e tripulantes a bordo, mais de 1.500 morreram afogados ou de hipotermia nas águas geladas do Atlântico Norte.