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Quebrando o gelo: como a frota nuclear russa supera as rivais

Com navios capazes de atravessar camadas de três metros de gelo e operar de forma autônoma por meses, a Rússia consolida o domínio sobre o Ártico.
Quebrando o gelo: como a frota nuclear russa supera as rivaisRT / RT

No fim de março, durante o 6º Fórum do Ártico, realizado em Murmansk, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que Moscou está comprometida em expandir sua frota de quebra-gelos nucleares.

"A Rússia já possui a maior frota de quebra-gelos do mundo", disse Putin. "Devemos consolidar ainda mais essa posição com a incorporação de embarcações avançadas, especialmente movidas a energia nuclear, que são exclusivas da nossa frota." Ele destacou que "nenhuma outra nação possui uma frota comparável".

Mas do que, exatamente, a frota russa do Ártico é capaz?

Uma nova geração

No início de abril, o quarto quebra-gelo nuclear do Projeto 22220, batizado de Yakutia, concluiu os testes no mar e iniciou operações ao longo da Rota Marítima do Norte.

O Yakutia está entre os quebra-gelos nucleares mais potentes do mundo. A construção dos navios do Projeto 22220 começou em 2013, com previsão de pelo menos sete embarcações.

Três já estão em operação: Arktika, Siberia e Ural.

O Arktika, navio líder, foi incorporado à frota em 2020 e se tornou o principal símbolo da nova fase da exploração russa no Ártico. O Siberia entrou em serviço em 2021, seguido pelo Ural em 2022.

Outros dois, Chukotka e Kamchatka, estão em construção, e o sétimo navio, Sakhalin, terá as obras iniciadas ainda este ano. A frota é construída no Estaleiro Báltico, em São Petersburgo, com financiamento da Atomflot, da estatal Rosatom, e apoio do governo.

Projetados para operar nas condições extremas do Ártico, os quebra-gelos como o Yakutia são capazes de romper camadas de gelo com até três metros de espessura. Equipados com dois reatores nucleares que juntos geram 60 megawatts, esses navios podem navegar de forma autônoma por meses.

Atualmente, eles são considerados os mais potentes e eficientes do mundo. A Rússia também reduziu significativamente a dependência de peças importadas: 92% dos componentes de cada navio já são produzidos no país.

O objetivo final é alcançar a autossuficiência total na fabricação de futuras embarcações.

O que está em jogo?

Atualmente, a Atomflot opera nove quebra-gelos nucleares: o navio de transporte Sevmorput, movido a energia nuclear; dois quebra-gelos fluviais, Taimyr e Vaigach; navios de classe marítima como o Yamal e o Projeto 10521 50 Anos da Vitória; além dos novos modelos do Projeto 22220.

Essas embarcações dão suporte ao rápido avanço russo no Ártico, além de manterem rotas de navegação entre Murmansk e a península de Kamchatka pela Rota Marítima do Norte.

Além dos quebra-gelos nucleares, a Rússia possui embarcações convencionais e está construindo quatro navios de patrulha da classe gelo, do Projeto 23550.

Essa frota reforçada amplia de forma significativa a capacidade da Rússia de manter a navegação durante todo o ano no Ártico, assegurando o transporte comercial e a proteção de seus interesses estratégicos na região.

Por Dmitry Kornev, especialista militar, fundador e autor do projeto MilitaryRussia

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