China responde chefe do Pentágono sobre Canal do Panamá

A embaixada chinesa no Panamá classificou como ''nada responsáveis nem fundamentadas'' as recentes falas do secretário de Defesa dos EUA, questionando retoricamente sobre quem estaria ''praticando desenfreadamente a chantagem e a desapropriação''.

O porta-voz da embaixada da China no Panamá respondeu nesta terça-feira ao secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, pelas suas críticas à presença e influência da potência asiática no país centro-americano. O funcionário de alto-escalão norte-americano acusou a China de querer controlar o Canal do Panamá, rota estratégica do comércio marítimo global.

Através de uma declaração divulgada no X, o porta-voz da embaixada chinesa destancou que as recentes declarações do chefe do Pentágono não são ''nada responsáveis ou fundamentadas''. Esclareceu que a parte chinesa ''nunca participou da gestão ou operação do Canal do Panamá, nem interferiu nos assuntos do Canal''.

''A parte chinesa sempre respeitou a soberania do Panamá sobre o Canal e reconhece o Canal como uma via marítima de trânsito internacional permanentemente neutra. A China deixou muito claro sua posição sobre o assunto nos documentos oficiais emitidos conjuntamente pela China e pelo Panamá'', acrescentou o porta-voz.

A embaixada asiática apontou como a única vez que a operação do Canal foi interrompida foi justamente quando os EUA invadiram o Panamá, em 1989.

''Quem está defendendo a neutralidade e a prosperidade do Canal? Quem prega ininterruptamente 'recuperar o canal'? E quem representa a verdadeira ameaça para o canal? As pessoas irão fazer seu julgamento'', acrescentou o porta-voz chinês no Panamá.

''EUA não têm direito algum de intervir''

O funcionário acrescentou que os EUA ''orquestraram uma campanha sensacionalista'', preconizando a ''teoria sobre a ameaça chinesa'', para tentarem ''sabotar a cooperação sino-panamenha'', mencionando o boicote contra o acordo entre Panamá e China sobre a iniciativa ''Um Cinturão, Uma Rota'', assinado em 2017. 

A atitude de Washington no caso demonstrou a ''pretensão hegemônica'' do país, assim como seus interesses geopolíticos, ao intervir em um tratado que geraria benefícios econômicos aos panamenhos.

''Quem está praticando desenfreadamente a chantagem e a desapropriação? Isso está mais do que claro para os olhos de todos. As relações entre os EUA e o Panamá não devem ser excludentes. Desenvolver relações com a China constitui uma decisão soberana do Panamá como país soberano, e uma decisão de seu povo, na qual os EUA não têm direito algum de intervir'', acrescentou o porta-voz chinês.

O funcionário chinês instou o governo de Donald Trump ''a refletir profundamente sobre sua atitude tanto intimidante como abusiva e seus atos de desapropriação contra o Panamá e outros países em desenvolvimento na América Latina e no Caribe''.

O porta-voz também insistiu que os EUA a ''deixar suas calúnias contra a China'' e concentrar seus esforços em trazer benefícios aos panamenhos.

Mais cedo, Hegseth disparou contra a China, ao alegar que os asiáticos não haviam contruído o Canal e sim os EUA, e que por esse motivo Washington não permitiria que os chineses convertessem a rota ''em uma arma''.

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