Notícias

Esse popular suplemento esportivo pode ajudar no combate à depressão

A substância desempenha um papel importante no metabolismo energético, mas também pode contribuir para as estratégias de combate à depressão convencionais, revela novo estudo.
Esse popular suplemento esportivo pode ajudar no combate à depressãoGettyimages.ru / Casimiro

A creatina, um composto químico encontrado naturalmente em nossos corpos e em alguns alimentos ricos em proteínas como leite, carne e peixe, pode servir como um complemento útil e seguro no tratamento dos sintomas da depressão, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista European Neuropsychopharmacology por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oxford,no Reino Unido.

A substância, popular entre atletas e fisiculturistas por sua capacidade de melhorar o desempenho e aumentar a massa muscular, desempenha um papel importante no metabolismo energético. Segundo explicam Riccardo De Giorgi e Nima Norbu Sherpa, coautores da pesquisa, a creatina é um agente neuroprotetor que pode contribuir para as estratégias de combate à depressão convencionais. 

Para testar a hipótese, os especialistas recrutaram 100 pessoas na Índia com idades entre 18 e 60 anos. Todas apresentavam um diagnóstico de transtorno depressivo e nenhuma havia tomado antidepressivos por pelo menos oito semanas. No início do estudo, os participantes, cuja idade média era de 30 anos, foram examinados para avaliar a gravidade de seus sintomas. Como resultado, foi obtida uma pontuação média de 17,7 em uma escala de 27, indicando "depressão de moderada a grave". Os voluntários foram então divididos em dois grupos.

Durante oito semanas, o primeiro grupo recebeu um comprimido diário contendo cinco gramas de creatina, enquanto que o segundo recebeu placebo. Todos os participantes foram submetidos a sessões de terapia cognitivo-comportamental (CBT, na sua sigla em inglês) durante o estudo, um tratamento psicoterapêutico que visa combater pensamentos e comportamentos negativos causadores da depressão.

Resultados

Alguns voluntários desistiram dos testes, restando 30 pessoas em cada grupo. Ao final do estudo, todos responderam novamente ao questionário para aferir seus níveis de depressão. Embora tenha sido registrada uma redução nos sintomas associados em ambos os grupos, as pontuações entre os que tomaram creatina foram "significativamente menores", destaca a pesquisa.

Aqueles que tomaram o suplemento apresentaram uma pontuação média de 5,8, o que está dentro da faixa de depressão leve. No grupo do placebo, a pontuação média foi de 11,9, o que corresponde à depressão moderada. Tal descoberta levou os autores do estudo a concluirem que a creatina pode melhorar os efeitos da terapia cognitivo-comportamental.

O estudo destacou ainda a necessidade de análises mais aprofundadas que comprovem os efeitos antidepressivos da creatina. Entretanto, seu baixo custo, bem como sua eficácia e segurança - com efeitos colaterais mínimos - “exigem mais pesquisas sobre seus benefícios e danos a longo prazo”, concluem os autores.