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Vice-presidente venezuelana explica por que as sanções dos EUA contra a Venezuela afetam toda a região

Delcy Rodríguez indicou que "o exemplo mais terrível" de como as medidas coercitivas impostas a Caracas têm impacto em outros países é o Haiti.
Vice-presidente venezuelana explica por que as sanções dos EUA contra a Venezuela afetam toda a regiãoGettyimages.ru / Carolina Cabral

A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, explicou nesta segunda-feira por que as sanções impostas unilateralmente pelos EUA contra seu país causam sérios danos ao resto da América Latina e do Caribe e, especialmente, pioram a grave situação humanitária que o Haiti enfrenta atualmente.

"O bloqueio à Venezuela impactou nossa região, e impactou não apenas a América do Sul, mas também o impacto que teve em outros países que faziam parte da PetroCaribe, e o exemplo mais terrível, do ponto de vista humanitário, vemos hoje no Haiti", disse Rodríguez, que lembrou que o Governo de seu país ajudou os haitianos com US$ 4 bilhões por meio de políticas de cooperação que foram cortadas pelas medidas coercitivas unilaterais impostas por Washington a Caracas.

"Onde está o Haiti hoje? De quem é a responsabilidade pelo fato de o Haiti estar do jeito que está e que agora significa o curinga para endossar a intervenção militar do Haiti? Porque é uma invasão que está sendo planejada no Haiti. Quem foi o principal responsável? Aqueles que sancionaram e bloquearam a Venezuela, aqueles que impediram o programa PetroCaribe, é aí que reside a imoralidade", acrescentou Rodríguez durante seu discurso no 'Seminário Internacional: Nova arquitetura financeira regional', realizado na cidade de Santa Cruz, Bolívia.

"Instrumentos de agressão econômica"

A alta funcionária venezuelana lembrou que, além das sanções aplicadas pelos EUA —especialmente a países que são "prósperos em energia", como Rússia, Irã, Venezuela, Iraque, entre outros—, eles controlam "um dos mais requintados instrumentos de agressão econômica", o sistema SWIFT, que lhes permite, com o "apertar de um botão", excluir um país do sistema internacional de transações financeiras, especialmente quando não está alinhado com seus interesses.

Por essa razão, ressaltou Rodríguez, os países afetados pelas sanções, direta ou indiretamente, devem apostar na criação de uma nova estrutura financeira internacional, uma questão essencial quando as sanções de Washington e seus aliados, sobretudo da Europa, mantêm ativas mais de "26.000 medidas coercitivas unilaterais" no mundo, e 930 delas são contra a Venezuela, o que equivale a uma perda de "quase 700 bilhões de dólares" para a economia venezuelana.

Para isso, acrescentou, os países devem começar a economizar, comercializar e se financiar com suas próprias moedas, pois se decidirem continuar "sujeitos ao domínio dos EUA nas relações comerciais", será "muito difícil" estabelecer a nova arquitetura financeira "que queremos" e "precisamos criar". Rodríguez ainda afirmou que a região deve deixar para trás a "desorientação geopolítica" e a "desunião política", que foram promovidas por Washington por meio da Doutrina Monroe.

A vice-presidente venezuelana também comentou que seu país, ao ser bloqueado pela SWIFT, perdeu em "um segundo" "mais de 77%" de seus correspondentes bancários internacionais. Isso, segundo ela, deixa claro que a hegemonia dos EUA e de seus aliados usa "medidas coercitivas unilaterais, chamadas erroneamente de sanções, como meio de extorsão" contra países, e são "o eixo central da política de guerra de Washington". Por essa razão, acrescentou, a "exclusão da vida econômica, comercial e financeira do mundo nos leva a repensar o caminho".