
Tarifaço de Trump gera temor de nova 'Segunda-feira Negra'; mercados derretem pelo mundo

Os mercados financeiros continuam em queda diante da incerteza provocada pelas pesadas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos seus parceiros comerciais.

O comentarista de mercado Jim Cramer, da CNBC, alertou que os EUA podem estar se preparando para uma nova queda do mercado, semelhante à "Segunda-feira Negra", o colapso histórico de 1987, quando o Dow Jones Industrial Average despencou 22,6%, a maior perda percentual registrada em um único dia na história da bolsa.
"Se o presidente não tentar estender a mão e recompensar os países e empresas que seguem as regras, o cenário de 1987 — aquele em que caímos três dias seguidos e depois 22% na segunda-feira — parece o mais plausível", afirmou o analista em seu programa "Mad Money", no sábado (5). "Não teremos que esperar muito para saber. Vamos descobrir na segunda-feira", completou.
Sinais de uma nova queda
Os futuros das ações dos EUA apresentaram uma queda acentuada na noite de domingo (6). O futuro do Dow Jones Industrial Average despencou mais de 1.700 pontos, indicando que o dia poderia ser desastroso em Wall Street quando o mercado abrir na segunda-feira (7), às 9h30 (horário do leste dos EUA).
Além disso, os mercados acionários asiáticos também abriram a segunda-feira com mais perdas, após a queda da semana anterior. O Nikkei 225, do Japão, perdeu 7,8%, atingindo os menores níveis desde o final de 2023, enquanto o KOSPI, da Coreia do Sul, caiu 5%. O S&P/ASX 200 da Austrália recuou 6,07% logo no início da sessão.
Durante as negociações iniciais, as ações de Taiwan caíram quase 10%, as de Cingapura mais de 7% e as de Hong Kong 13%. Até mesmo as negociações de futuros de ações japonesas tiveram que ser suspensas ao longo do dia para evitar novas quedas nos ativos financeiros.
De forma similar, o principal órgão regulador financeiro de Taiwan anunciou, no domingo (6), que imporia restrições temporárias sobre as vendas a descoberto de ações durante a semana.

Os mercados europeus também sofreram novas perdas na segunda-feira (7), em um dia sombrio para os mercados acionários globais, após a China ter respondido com tarifas pesadas sobre os produtos dos EUA.
Menos de uma hora antes da abertura, os futuros das ações — contratos que antecipam o valor dos ativos — caíram mais de 4% em Frankfurt, quase 3% em Paris e mais de 5% em Milão.
Após a abertura, o mercado de Frankfurt despencou 10%, enquanto os principais índices de ações da França, Bélgica, Áustria, Alemanha, Polônia, Holanda, Suíça e Suécia caíram mais de 6%. Além disso, o preço do petróleo Brent caiu para menos de US$ 63 por barril, o menor valor desde abril de 2021.
Os contratos futuros do Brent para o fornecimento de junho estavam sendo negociados a US$ 62,74 às 07:08 GMT, com uma queda diária de quase 3,8%, segundo dados da bolsa ICE de Londres.
O que aconteceu na "segunda-feira negra" de 1987?
Em 19 de outubro de 1987, a queda histórica do Dow Jones Industrial Average desencadeou uma crise financeira global, consolidando a "Segunda-feira Negra" como um dos dias mais marcantes da história financeira.
O S&P 500 sofreu uma queda ainda mais acentuada, despencando 30% no mesmo dia.
O caos se estendeu durante todo o mês de outubro e, no início de novembro de 1987, a maioria dos principais índices do mercado de ações havia perdido mais de 20% de seu valor.

Enormes perdas com as tarifas de Trump
As ações dos EUA perderam US$ 11,1 trilhões desde 17 de janeiro, dias antes da posse de Donald Trump para seu segundo mandato. Desse montante alarmante, US$ 6,6 trilhões desapareceram nas últimas quinta e sexta-feiras, em meio à incerteza sobre as tarifas anunciadas e a resposta da China.
"O mundo mudou e as condições econômicas mudaram", disse Rick Rieder, diretor de investimentos de renda fixa global da BlackRock.
Reação de Trump
No domingo (6), o presidente norte-americano afirmou que a turbulência financeira não o impediria de prosseguir com sua política tarifária.
Questionado por repórteres sobre até que ponto ele estaria disposto a ver o mercado cair, Trump respondeu que a pergunta era "muito estúpida".
"Não quero ver nada cair, mas às vezes é preciso tomar um remédio para consertar algo", afirmou, enquanto falava com a imprensa a bordo do Air Force One.
QUAIS SÃO AS GUERRAS COMERCIAIS DA ERA TRUMP E SEUS OBJETIVOS? SAIBA MAIS EM NOSSO ARTIGO.


