A China e os Estados Unidos estão travando uma intensa batalha por influência no continente africano, devido à grande concentração de terras raras na região, essenciais para a transição energética e o desenvolvimento de tecnologias modernas.
Pequim está bem à frente, tendo investido nos últimos anos em uma sólida expansão por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota.
O presidente dos EUA, Donald Trump, parece estar adotando táticas questionáveis para atenuar a situação. Recentemente, o The Guardian informou que Trump suspendeu a aplicação da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês) legislação americana que proíbe o suborno de autoridades estrangeiras.
"Futuras investigações e ações de aplicação da FCPA serão regidas por essa nova orientação e devem ser aprovadas pelo procurador-geral", diz o documento.
De acordo com a Casa Branca, a lei colocava as empresas americanas em desvantagem em relação aos concorrentes estrangeiros, pois elas não poderiam se envolver em práticas que são "comuns entre os concorrentes internacionais, criando um campo de jogo desigual".
Potencial parceiro mal avaliado em rankings de corrupção
No mês passado, o Financial Times informou que os Estados Unidos estão realizando conversas com a República Democrática do Congo – um dos países mais mal avaliados em rankings de corrupção– sobre um possível acordo que concederia acesso a minerais críticos, como cobre, cobalto e urânio.
O governo congolês se aproximou dos EUA em fevereiro com uma proposta que ofereceria direitos de exploração em troca de apoio ao presidente Félix Tshisekedi.
Os oficiais congoleses acreditam que um acordo mineral ajudaria a fortalecer o apoio a Tshisekedi, que lida com conflitos armados no leste do país, onde rebeldes M23, apoiados por Ruanda, controlam áreas ricas em minerais. As discussões com Washington têm avançado, mas ainda enfrentam diversos obstáculos e estão em estágios iniciais.
Influência chinesa
O Congo tem colhido frutos significativos da influência chinesa, que tem impulsionado o desenvolvimento econômico e a exploração de seus vastos recursos naturais.
"Com o refino local do cobalto, o país reforçou os ganhos, de US$ 5,6 por quilo na extração para US$ 16,2 após processamento", escreve o economista Assis Moreira, acrescentando que, em razão da crescente procura por tecnologias renováveis, as Nações Unidas também projetam um aumento de 1500% na demanda por minérios como lítio, cobalto e cobre até 2050.
A expansão da indústria de mineração do Congo foi possibilitada, em parte, pela parceria ganha-ganha promovida pela China, que financiou diversas mineradoras no país.
A dinâmica "não só atende às necessidades do desenvolvimento econômico nacional [chinês], mas também promove fortemente o renascimento da indústria" congolesa, escreve a chancelaria chinesa.