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O que o "modelo Bukele" tem a ver com a violência que aterroriza uma cidade argentina

O Governo de Javier Milei enviará forças federais a Rosário para combater as organizações criminosas.
O que o "modelo Bukele" tem a ver com a violência que aterroriza uma cidade argentinaGoverno provincial de Santa Fé (Argentina)

A cidade argentina de Rosário, localizada na província de Santa Fé, está enfrentando um estado de comoção sem precedentes, com as ruas vazias, sem aulas, sem transporte público, sem tráfego, sem coleta de lixo e com cidadãos aterrorizados por serem vítimas da violência dos narcotraficantes. 

O medo não é em vão. Na última semana, os grupos criminosos executaram quatro cidadãos ao acaso, como uma forma de chantagear o governador da província, Maximiliano Pullaro.


As vítimas foram os motoristas de táxi Héctor Raúl Figueroa (43) e Diego Alejando Celentano (33), o motorista de ônibus Marcos Daloia (39) e o funcionário de em posto de gasolina Bruno Bussanich (25).

A mensagem dos narcotraficantes é que podem matar qualquer pessoa. E que continuarão a fazê-lo se Pullaro continuar a imitar o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, com as operações nas prisões, nas quais os prisioneiros são mostrados seminus, empilhados e algemados.

A onda de execuções mais uma vez colocou o foco em Rosário, a cidade mais violenta da Argentina, que há uma década começou a sofrer o crescimento do poder do narcotráfico, graças à cumplicidade policial, econômica e política, e sem que nenhum Governo local resolvesse as graves desigualdades sociais que também costumam ser um terreno fértil para as gangues.

"Pela primeira vez, percebe-se que todos nós somos alvos. A dor e o medo andam pelas ruas conosco", resumiu a jornalista Silvina Tamous em um editorial do jornal El Ciudadano, de Rosário, no qual explicou os temores de uma cidade paralisada.

Resposta

"Rosário sangra" foi o slogan de uma convocação que, em meio a gritos e panelas, foi realizada às pressas porque os manifestantes queriam voltar para suas casas, sabendo que as execuções como forma de vingança contra as autoridades não terminaram.

Eles têm razão. No domingo, assassinos atiraram em um complexo penitenciário e deixaram uma mensagem contra duas prisioneiras acusadas de ligações com drogas e associação ilícita.

Em resposta, o Governo do presidente Javier Milei decidiu enviar um contingente de forças federais a Rosário para ajudar a Polícia da província a lidar com o clima de insegurança na cidade.

As execuções afetaram politicamente o presidente, que em 1º de março, em sua mensagem ao Congresso, havia presumido uma redução drástica dos homicídios em Rosário. Em poucos dias, a realidade o contradisse.

É por isso que endureceu seu discurso. "São eles ou nós", advertiu, ameaçando os "narcoterroristas" com os quais não negociará. "Não permitiremos que continuem governando Rosário", declarou. 

Nesta segunda-feira, o presidente descartou a possibilidade de decretar um estado de sítio em Rosário, o que permitiria o uso das Forças Armadas em tarefas de segurança interna, como o combate ao tráfico de drogas.

"Estamos redobrando as forças de Segurança, há mais 450 soldados, o Exército está fornecendo apoio logístico, realocação das forças de Segurança, acredito que com isso podemos resolver, estamos em condições de sair triunfantes dessa situação", detalhou. 

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, viajou nesta segunda-feira para Rosário, onde junto com  o governador formarão um comitê de crise que permitirá a entrada de forças federais e militares que serão adicionadas ao patrulhamento das ruas e às tarefas de inteligência.

Antes de partir, a funcionária anunciou que os traficantes serão acusados de atos terroristas para aumentar as penas e anunciou uma busca bem-sucedida de telefones celulares nas prisões.