EUA abrem nova 'frente' em seu apetite por minerais essenciais

Um assessor de Donald Trump confirmou que Washington está em negociações para explorar os recursos minerais de um país africano.

Os EUA estão negociando com a República Democrática do Congo (RDC) sobre a exploração de seus recursos minerais em um acordo que, segundo o presidente congolês, Felix Tshisekedi, poderia ajudar o país africano em suas questões de segurança.

A iniciativa poderia envolver "investimentos bilionários", disse o conselheiro sênior do presidente Trump para a África, Massad Boulos, na quinta-feira (3), depois de se reunir com o líder da nação africana, segundo a AP.

"Vocês ouviram falar de um acordo sobre minerais. Analisamos a proposta do Congo. [...] Tenho o prazer de anunciar que o presidente [Tshisekedi] e eu chegamos a um acordo sobre como levá-lo adiante", afirmou.

Ele observou que as empresas americanas "operariam de forma transparente" e "estimulariam as economias locais", sem fornecer mais detalhes.

Joseph Bangakya, parlamentar congolês e presidente de um grupo de amizade entre Congo e EUA, afirmou à Reuters que um projeto de lei está sendo preparado para promover o clima de negócios do país centro-africano.

"É essencial que nosso país chegue a um acordo comercial com os EUA", disse, acrescentando que deseja uma paz duradoura "que reafirme a integridade territorial e a soberania da República Democrática do Congo".

"Não pode haver prosperidade econômica sem segurança", concluiu.

Proposta do presidente congolês

A RDC é o maior produtor mundial de cobalto, mineral usado na fabricação de baterias de íons de lítio para veículos elétricos e smartphones. O país também possui reservas significativas de ouro, diamantes e cobre.

Anteriormente, Tshisekedi enviou uma carta ao seu colega norte-americano afirmando estar aberto a um acordo com Washington sobre minerais essenciais se os EUA pudessem ajudar a resolver as graves questões de segurança que o país africano enfrenta.

"Acho que os EUA podem pressionar ou sancionar os grupos armados [...] e garantir que eles sejam mantidos sob controle", disse ele à Fox News em março.

Conflito no Congo

O leste do Congo está em conflito há décadas com mais de 100 grupos armados, a maioria deles lutando por território numa região rica em minerais perto da fronteira com Ruanda. O conflito gerou uma das maiores crises humanitárias do mundo, com mais de 7 milhões de pessoas deslocadas.

Em uma grande escalada do conflito desde janeiro, os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23), um dos grupos armados mais poderosos e que o governo congolês acusa de ter o apoio de Ruanda, tomaram as cidades de Goma e Bukavu e vários vilarejos na parte oriental do país.

Na quinta-feira (3), o grupo se retirou de Walikale, uma importante cidade mineradora no leste do Congo que foi tomada no mês passado após semanas de confrontos com as forças congolesas e com o Wazalendo, uma coalizão que se opõe ao M23. A área abriga os maiores depósitos de estanho do país e várias minas de ouro importantes.