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Como as novas tarifas de Trump afetarão a economia global?

O presidente dos EUA anunciou na quarta-feira (2) um novo pacote tarifário. Diante desse cenário, cresce a ansiedade tanto entre os governos quanto entre os mercados.
Como as novas tarifas de Trump afetarão a economia global?Gettyimages.ru / adventtr

Com a implementação de novas tarifas, o presidente dos EUA, Donald Trump, alega que está buscando corrigir o desequilíbrio comercial do país. A Casa Branca anunciou que as tarifas entrarão em vigor imediatamente.

O evento gerou reações internacionais rápidas. Muitos alertam sobre o impacto potencialmente significativo na economia global, já que as consequências ainda são incertas. Há dúvidas sobre a confiabilidade dos aliados dos EUA, especialmente porque Trump declarou que continuará a aplicar essas tarifas.

Entre as tarifas já anunciadas estão impostos sobre veículos importados, que devem afetar principalmente o México, o Canadá e os países da União Europeia. A tarifa de 25% também deverá impactar as empresas que dependem de componentes tecnológicos para suas operações.

Segundo Trump, essas medidas levarão a um forte crescimento econômico nos Estados Unidos, embora alguns relatos da imprensa sugiram que poderia ocorrer uma redução de 75% nas importações e um aumento nos preços dos veículos devido à necessidade de importar determinados componentes.

Reações internacionais

As reações de alguns aliados europeus foram mistas. A Comissão Europeia afirmou que tem várias estratégias para enfrentar essa guerra comercial. O Reino Unido está em negociações com os setores afetados e afirma ter opções disponíveis, enquanto a Alemanha, importante fabricante de automóveis para o mercado dos EUA, promete reagir com firmeza.

Por enquanto, ainda há dúvidas sobre como o plano tarifário será implementado, e vários especialistas alertaram para seu possível efeito negativo sobre a economia global.

Quanto à Venezuela, Trump indicou que imporá tarifas aos países que comprarem petróleo do governo de Nicolás Maduro. Entre os principais clientes do petróleo bruto venezuelano estão China, Índia, Espanha e Itália, embora os EUA continuem sendo o maior comprador.

Maduro classificou a decisão de Washington como uma violação da ordem econômica internacional e anunciou planos de levar a questão a tribunais internacionais.

Os analistas preveem que a receita dessas tarifas poderia alcançar US$ 6 trilhões em 10 anos, enquanto a Universidade de Aston (Reino Unido) estima que a guerra comercial poderia causar cerca de US$ 1,4 trilhão em danos à economia global.

Impacto global

O impacto imediato seria um aumento da inflação, de acordo com o analista político Felix Morales. Ao aumentar artificialmente os preços de determinados produtos por meio de tarifas, isso não só encarece esses produtos, mas também afeta outros setores. As indústrias nacionais podem se beneficiar inicialmente ao competir com produtos importados mais caros. No entanto, isso também cria mais demanda para as empresas americanas.

"Em outras palavras, o consumidor americano não vai querer comprar produtos europeus, a preços muito altos, por exemplo. Ele terá que recorrer ao produto americano, mas se o produto americano não cobrir toda a demanda do produto, esse produto ficará mais caro porque não atende a toda a demanda", explica o especialista.

Assim, haverá um aumento gradual dos preços, tanto pela tarifa quanto pela oferta interna insuficiente.

De acordo com Morales, isso poderia agravar as diferenças sociais, pois o acesso aos produtos importados se tornará mais caro, e os produtos nacionais também terão aumento de preço. O efeito geral se concentrará na inflação.

O especialista acredita que os consumidores serão os mais afetados por essa guerra comercial, embora, no início, possa haver um aumento temporário nas vendas, impulsionado por um sentimento nacionalista que incentiva o consumo de produtos norte-americanos, como no setor automobilístico.

"Mas, no fim das contas, os consumidores querem comprar o produto que desejam", afirma o analista, destacando que, mesmo com veículos mais baratos disponíveis, muitos poderão optar por carros usados enquanto aguardam mudanças nas políticas.

É provável que, ao final, diante dessas restrições, os americanos prefiram esperar para comprar o que realmente querem. Portanto, no longo prazo, o especialista não espera ver os resultados econômicos positivos previstos.

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