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Mundo responde à guerra comercial declarada por Trump

Durante o que chamou de "Dia da Libertação", o presidente dos EUA introduziu tarifas com taxas que variam de 10% a 49%, o que afetará quase todos os países.
Mundo responde à guerra comercial declarada por TrumpAP / Paul Sancya

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs mega-tarifas sobre quase todos os países durante uma cerimônia denominada "Dia da Libertação" na quarta-feira, provocando reações diversas em todo o mundo.

Brasil diz que isso "não reflete a realidade"

O governo brasileiro lamentou a medida, considerando que ela "viola os compromissos" do país norte-americano "com a Organização Mundial do Comércio (OMC)" e terá efeitos sobre o comércio entre as duas nações, de acordo com um comunicado conjunto publicado pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Da mesma forma, Brasília considerou que "a imposição unilateral de uma tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com o argumento da necessidade de restabelecer o equilíbrio e a 'reciprocidade comercial' não reflete a realidade".

China promete "fortes contramedidas"

A China, cujas tarifas agora subirão para 54%, anunciou que tomará "fortes contramedidas para salvaguardar seus próprios direitos e interesses", de acordo com uma declaração emitida pelo Ministério do Comércio do país asiático.

"As chamadas 'tarifas recíprocas', estabelecidas pelos Estados Unidos com base em avaliações subjetivas e unilaterais, não estão em conformidade com as regras do comércio internacional, prejudicam seriamente os direitos e interesses legítimos das partes relevantes e são uma prática típica de intimidação unilateral", afirmou o órgão.

"Um duro golpe" para o mundo

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que as tarifas universais dos Estados Unidos contra vários países são "um duro golpe" para as empresas e os consumidores de todo o mundo.

Ela observou que a Europa sempre esteve disposta a "negociar com os EUA para remover quaisquer barreiras remanescentes ao comércio transatlântico". Entretanto, ela enfatizou que o Velho Continente está preparado para reagir. "Já estamos finalizando um primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas sobre o aço. E agora estamos nos preparando para outras contramedidas, para proteger nossos interesses e nossas empresas caso as negociações fracassem", detalhou.

Argentina comemora medidas de Trump

Em uma retórica contrária, o presidente da Argentina, Javier Milei, comemorou a medida de seu homólogo norte-americano em suas redes sociais de uma forma muito marcante. "Friends Will be Friends [Os amigos serão amigos, em português]", escreveu Milei em um post em sua conta no X, anexando um link para a música de mesmo nome da banda britânica Queen.

Coreia do Sul anuncia "reunião de emergência"

Na quinta-feira, o presidente interino da Coreia do Sul, Han Duck-soo, ordenou que as principais autoridades de seu governo fizessem todo o possível para responder às tarifas de 25% impostas por Trump durante uma "reunião de emergência".

"Como a situação é muito grave diante da iminente realidade de uma guerra tarifária global, o governo deve implantar todas as suas capacidades para superar essa crise comercial", declarou.

Japão considera resposta "rápida"

O ministro do comércio do Japão, Yoji Muto, disse que seu país está considerando uma resposta "rápida", mas ainda não determinada, às tarifas de 24% impostas pelos EUA. Ele disse que o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, ordenou que todas as respostas possíveis fossem consideradas, levando em conta os interesses de Tóquio e de Washington.

"Isso exige uma abordagem cuidadosa, mas ousada e rápida. Portanto, acho que é fundamental que tomemos uma decisão calma e racional sobre esse assunto", disse Muto.

Vietnã diz que elas "não são proporcionais"

De Hanói, que recebeu tarifas de 46%, entre as mais altas, eles dizem que as medidas "não estão de acordo" com o bom relacionamento entre as duas nações. O primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, anunciou a criação de um grupo de trabalho para tomar medidas "proativas, oportunas e flexíveis" em resposta à situação.

A Índia reagirá de maneira "comedida e profissional"

Duas autoridades familiarizadas com o assunto disseram ao Hindustan Times que o governo indiano reagirá de forma "comedida, calibrada e profissional" às tarifas de 26%, "ao contrário de alguns países que ameaçam as importações dos EUA". Ambos enfatizaram que seu país terá uma vantagem competitiva em relação a outros grandes parceiros dos EUA, como China, Vietnã e Bangladesh.

Israel analisa "riscos e oportunidades"

Após a imposição das tarifas de 17%, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse que reunirá funcionários de seu ministério para analisar "riscos e oportunidades" e formular um curso de ação para proteger a economia do país judeu.

Canadá também reage

Embora o Canadá não tenha sido incluído na extensa lista compartilhada pelo presidente dos EUA, seu primeiro-ministro, Mark Carney, afirmou que tais medidas "mudarão fundamentalmente o sistema de comércio internacional". Ele também garantiu que Ottawa agirá com "propósito e força" para combater as tarifas de 25% impostas sobre as importações de todos os veículos para os EUA.