'Alienígena de Sírius', líder de uma das seitas religiosas mais infames da Rússia, é preso na Argentina

Nesta terça-feira (1º), a polícia argentina prendeu Konstantin Rudnev, líder da Ashram Shambaly, seita religiosa fundada em Novosibirsk, Rússia, em 1989 e que está envolvida em crimes de extrema gravidade. Ao ser preso no aeroporto de Bariloche, o homem tentou se suicidar cortando a própria garganta, mas foi impedido pelos policiais.
O detido enfrenta acusações de tráfico de pessoas, exploração, manipulação ideológica, entre outros crimes, informou o La Nación. Além disso, em sua bagagem foram encontrados comprimidos suspeitos cuja análise química deu positivo para cloridrato de cocaína.
Quem é Rudnev?
Rudnev, que dizia ser um "alienígena de Sírius", liderou, desde 1989, o culto religioso Ashram Shambaly, que chegou a ter 20 mil seguidores.
Sob o pretexto de realizar rituais, Rudnev impôs um regime de terror com prática de orgias e uso de drogas para manter os membros da seita sob forte controle psicológico. Seus seguidores também frequentemente sofriam torturas físicas e exaustão, pois dormiam apenas de três a quatro horas por dia e comiam muito pouco, pois, segundo as ordens do líder da seita, seus fiéis deveriam se alimentar de "energia divina".
Em 2013, Rudnev foi condenado na Rússia a 11 anos de prisão por organização criminosa e violação de direitos individuais, além de crimes de estupro, atentado ao pudor e tráfico de drogas.
Após ser libertado em 2021, fugiu do país e refundou a seita no exterior sob o disfarce de diferentes organizações em vários países da Europa e da América do Sul.

Como começou a investigação?
A investigação, que foi inicialmente lançada para apurar um caso suspeito de tráfico humano, teve início quando uma jovem russa prestes a dar à luz e com marcas de violência deu entrada em um hospital em Bariloche em 21 de março.
Duas mulheres que a acompanhavam tentavam mantê-la em silêncio e mostravam nervosismo. Isso levantou a suspeita dos médicos, que relataram o possível caso de tráfico humano e exploração infantil.
Quando a mulher retornou ao hospital para dar à luz com suas duas acompanhantes, os funcionários verificaram seus documentos, descobrindo que seu período de permanência legal no país já havia expirado.
Mais tarde, duas outras mulheres que procuraram o hospital também foram detidas. Todas as quatro são cidadãs russas e já foram libertadas, mas continuam sendo investigadas por participarem da seita e estarem envolvidas com tráfico humano e estão proibidas deixar o país.

Prisão de Rudnev
Após investigação, a polícia argentina ordenou a prisão de vários suspeitos membros da seita que tentaram deixar o país.
Rudnev foi preso no aeroporto de Bariloche estando acompanhado de seis mulheres, todas com sinais de desnutrição. Duas outras mulheres foram detidas no estacionamento do aeroporto e mais seis pessoas foram presas no aeroporto de Buenos Aires.
Todos os detidos tinham comprado passagens pela mesma agência de viagens e para o mesmo destino, segundo a polícia. Um total de 15 pessoas foram presas.
Revelações chocantes
A polícia descobriu que o grupo operava na Argentina sob a fachada de uma "escola de ioga" cobrando até US$ 5 mil (cerca de R$ 28 mil) para o ingresso em seus cursos que incluíam jejum forçado e rituais fisicamente exaustivos, bem como isolamento e manipulação psicológica para separar os membros da seita de seus familiares, entre outras coisas.
Durante as batidas policiais, foram encontrados documentos que confirmam as ligações de Rudnev com o grupo.
"Como resultado do procedimento, foram apreendidos 131 comprimidos de cocaína, duas caminhonetes, 12 telefones celulares, um telefone via satélite, um aparelho com antena, três laptops com seus carregadores, 10 chips telefônicos, 14.931 dólares, mais de um milhão de pesos e outras moedas, além de passaportes, cartões e documentos de interesse", diz o comunicado da Polícia de Segurança Aeroportuária.
