O embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, foi convocado pelo governo do Paraguai para esclarecer uma suposta invasão hacker da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra sistemas do país.
O pedido foi anunciado nesta terça-feira (1) pelo chanceler Rubén Ramírez Lezcano. As negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu foram suspensas até que o caso seja esclarecido, informou a imprensa brasileira.
A suspeita de espionagem envolve uma coleta de informações sobre as negociações de energia da Usina de Itaipu. A investigação foi divulgada inicialmente pelo portal UOL e se baseia em dados da Polícia Federal. A operação teria sido planejada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e concluída na administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governo brasileiro nega que a operação tenha sido concretizada.
Em Assunção, o embaixador do Paraguai no Brasil, Juan Ángel Delgadillo, também foi chamado para consultas sobre o caso. Durante a coletiva de imprensa, o chanceler Paraguaio afirmou que "convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, para que ele apresente explicações detalhadas sobre a ação de inteligência conduzida pelo Brasil, mediante a entrega de uma nota oficial que explique detalhadamente as ações elaboradas no marco dessa ordem, que foi colocada em prática pelo governo do Brasil".
Na segunda-feira (31), Rubén Ramírez Lezcano declarou que, até então, Assunção não possuía provas concretas de que os sistemas paraguaios foram atacados pelo Brasil.
Após a denúncia, o governo brasileiro confirmou a existência da operação, mas afirmou que ela foi autorizada durante o governo Bolsonaro, em 2022, e abortada pela administração Lula em março de 2023.
Em nota, o Itamaraty declarou que "o governo do presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiado hoje, contra o Paraguai, país-membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria".