Haddad sobre acordo Mercosul-UE: Europeus 'perceberam que não tem outro caminho'

Segundo o ministro da Fazenda, o Brasil "está em uma situação privilegiada".

Em uma entrevista ao The Financial Times, divulgada no domingo (30), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que tinha grandes esperanças sobre um acordo de livre comércio firmado entre a União Europeia e o Mercosul. 

"Acredito que a Europa percebe que não tem outro caminho", afirmou Haddad, destacando que "não se trata de se afastar da China ou dos EUA, mas de criar novos espaços"

Como um dos principais exportadores de commodities com fortes vínculos com os três grandes blocos econômicos do mundo - China, Estados Unidos e União Europeia - o Brasil está bem posicionado para enfrentar uma guerra comercial, declarou o ministro. 

"O Brasil está em uma situação privilegiada", declarou Haddad, destacando que o país não busca se juntar exclusivamente a nenhum das partes em disputa.

"Não há nenhuma chance de escolhermos entre China e EUA. Ambos são nossos principais parceiros comerciais", sublinhou ele.

Em 6 de dezembro do ano passado, o Mercosul e a União Europeia assinaram o acordo de livre comércio (TLC), após 25 anos de negociações. 

Este é um acordo sem precedentes para ambos os blocos e um dos mais importantes da história global. De acordo com estimativas do Mercosul, ele cria um mercado de bens e serviços com cerca de 800 milhões de consumidores e quase um quarto do PIB mundial.

A aliança busca promover o comércio entre as partes, a cooperação alfandegária, a liberalização de tarifas e o fortalecimento das relações entre os blocos europeu e sul-americano, entre outros pontos.

O acordo permitirá eliminar diversas barreiras tarifárias e não tarifárias. Em particular, o Mercosul e a UE liberalizarão 91% e 92% de suas importações, respectivamente, em um período de 10 anos. O tratado ainda enfrenta resistência de países europeus como França e Polônia. 

Haddad destacou ainda o crescimento da indústria de processamento de alimentos no Brasil.

"O Brasil não é mais apenas o celeiro do mundo. Estamos nos tornando uma espécie de supermercado do mundo", afirmou, ao destacar que o país está entre os poucos com os quais os EUA mantêm um superávit comercial em bens estimado em US$ 7,4 bilhões em 2024. 


SAIBA MAIS SOBRE AS GUERRAS COMERCIAIS DA ERA TRUMP E SEUS OBJETIVOS COM NOSSO ARTIGO .