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Família Bolsonaro movimentou mais de R$1 milhão nos EUA desde 2022, aponta investigação

Nos últimos meses, Bolsonaro e seu círculo têm defendido um maior envolvimento dos EUA na política brasileira.
Família Bolsonaro movimentou mais de R$1 milhão nos EUA desde 2022, aponta investigaçãoGettyimages.ru / Andressa Anholete

O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), movimentaram pelo menos R$ 1,6 milhão para os Estados Unidos após a eleição presidencial de 2022, segundo o portal de jornalismo investigativo Agência Pública, que obteve acesso aos documentos.

Antes de embarcar para os EUA, onde permaneceu por um período após sua derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro enviou R$ 800 mil de sua poupança no Banco do Brasil para uma conta em um banco norte-americano.

Em julho de 2023, seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), também enviou R$ 800 mil para os Estados Unidos. Esses dados foram divulgados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pelo governo do estado norte-americano do Texas.

Jair Bolsonaro

À época, o ex-presidente argumentou que a transferência dessas quantias aos EUA ocorreu devido à desconfiança em relação ao governo Lula, que havia acabado de assumir o poder no Brasil: 

"Em 2023, os brasileiros enviaram 2,3 bilhões de dólares [ao exterior], isso não é crime. Assim como eu, tinham dúvidas sobre a economia do atual mandatário de esquerda", justificou, citado pelo veículo.

O dinheiro de Jair Bolsonaro foi repatriado para o Brasil algumas semanas após sua remessa, realizada pela instituição financeira reguladora americana, em virtude de ele ser considerado uma pessoa politicamente exposta.

Polícia Federal

De acordo com as autoridades federais, em nota divulgada pelo G1 em fevereiro de 2023, Bolsonaro havia transferido todos os seus recursos e bens financeiros, pois estava em "andamento" uma tentativa de "golpe de Estado no Brasil" e ele aguardava os "desdobramentos".

''Último país do mundo onde um golpista, ditador, enviaria recursos seria os Estados Unidos, porque é um país democrata que respeita tratados, e esses recursos seriam imediatamente bloqueados'', argumentou Bolsonaro na ocasião, citado pelo portal Poder 360.

Eduardo Bolsonaro

O filho "03" de Jair Bolsonaro, em maio de 2023, abriu uma empresa em parceria outras duas pessoas, no estado do Texas, nos EUA, chamada Braz Global Holding LLC, conforme revelado pela Agência Pública.

Dados divulgados pelo governo do Texas mostram que a holding de Eduardo Bolsonaro realizou duas negociações empresariais entre março e julho de 2023.

As atividades da empresa foram encerradas em 18 de abril de 2024. Nos registros oficiais, não há descrição sobre a natureza das atividades da empresa.

"Se vocês são bons repórteres investigativos, vocês vão lá, investiguem e façam", respondeu Eduardo Bolsonaro, ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas do veículo em maio de 2023. 

"Sinalizações de fora do Brasil"

Nas últimas semanas, Bolsonaro e seu círculo têm defendido um envolvimento maior dos EUA na política brasileira. Recentemente, o ex-presidente participou do programa Flow, onde afirmou que o Brasil precisa de uma intervenção norte-americana para resolver seus problemas internos relacionados à "liberdade".

"Então a gente precisa de sinalizações de fora do Brasil. Estão acontecendo, sim, no meu entender, com a vitória de Donald Trump nos EUA", disse o ex-presidente.

Dias depois, seu filho, Eduardo Bolsonaro anunciou o licenciamento de seu mandato e mudança para os EUA. "Vou morar longe dos meus amigos, dos meus familiares, da minha Pátria, mas não descansarei até que a justiça seja feita e a minha nação seja libertada", afirmou em um vídeo, explicando que sua mudança para os EUA lhe ajudará a buscar "punições" contra o ministro Alexandre de Moraes.

Em fevereiro, o governo Trump havia criticado a falta de liberdade no Brasil, destacando questões relacionadas às políticas internas, e condenou supostas violações da liberdade de expressão e dos princípios democráticos.

Já nesta semana, o congressista Filipe Barros, do Partido Liberal, convidou o ex-oficial da Secretaria de Estado norte-americana, Michael Benz, para discutir a influência da USAID no Brasil, e ele aceitou. Benz já declarou, sem apresentar provas, que o governo Biden teria se aliado à China para impedir a reeleição de Bolsonaro no pleito de 2022.