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Primeiro dia "sem gelo" no Ártico está mais próximo do que o esperado

A mudança climática afetará os animais que dependem do gelo para sobreviver, como os ursos polares e as focas, e os peixes não nativos poderão migrar para a região com aquecimento de suas águas.
Primeiro dia "sem gelo" no Ártico está mais próximo do que o esperadoAP / Felipe Dana

A região mais setentrional do mundo, o Ártico, um ecossistema caracterizado por áreas de neve e gelo permanentes, pode ficar sem gelo marinho nos próximos dez anos se a Terra continuar enfrentando níveis prejudiciais de emissões, alerta um novo estudo da Universidade de Colorado Boulder (EUA).

Os pesquisadores descobriram que a camada de gelo derrete cada vez mais nos meses de verão e não compensa as perdas no inverno.

O primeiro dia "sem gelo" no Ártico pode ocorrer mais de dez anos antes do que o previsto anteriormente. Os pesquisadores da universidade norte-americana preveem que o primeiro dia sem gelo ocorrerá no final de agosto ou início de setembro, "entre as décadas de 2020 e 2030".

Para os cientistas, um dia "sem gelo" não significa que não há gelo na água, mas que a quantidade de gelo está abaixo de um determinado limite.

Além disso, em meados do século, é provável que o Ártico passe um mês inteiro sem gelo flutuante em setembro, conclui o estudo publicado na revista Nature Reviews Earth & Environment.

Os cientistas consideram que o Oceano Ártico está livre de gelo quando tem menos de 1 milhão de quilômetros quadrados de gelo. Esse número representa menos de 20% da cobertura mínima de gelo na região na década de 1980.

A diminuição da superfície marinha coberta de gelo se deve aos gases de efeito de estufa, explica a pesquisadora Alexandra Jahn, uma das autoras do estudo, conforme citado pelo Phys.org.

A perda do gelo marinho pode alterar o ecossistema ártico de várias maneiras, alerta o estudo. Animais como os ursos polares e as focas estariam entre os mais afetados, já que dependem do gelo para sobreviver. Além disso, as águas mais quentes da região atrairiam espécies invasoras de peixes, com o consequente impacto na vida marinha do Ártico. 

O aquecimento da água também pode representar uma ameaça para as comunidades humanas que vivem perto das regiões costeiras: com o derretimento do gelo e o aumento das ondas do mar, os litorais podem sofrer uma erosão perigosa.