Estudo descobre que esses alimentos aliviam ansiedade e depressão

Os pesquisadores investigaram a ligação entre as bactérias intestinais e a saúde mental, sugerindo que certos probióticos podem ter um efeito positivo sobre essas condições.

Um estudo recente, publicado na revista EMBO Molecular Medicine, apontou que probióticos presentes em alguns alimentos podem contribuir para amenizar sintomas de ansiedade e depressão.

Cientistas investigaram a relação entre as bactérias intestinais e a saúde mental, sugerindo que determinados probióticos encontrados em alimentos fermentados podem exercer efeito positivo sobre sintomas de transtornos como ansiedade e depressão, ao reduzir a atividade da amídala cerebelosa – região do cérebro responsável pelo processamento das emoções.

A pesquisa, feita em camundongos, constatou que os animais que consumiram alimentos fermentados apresentaram menores níveis de estresse e comportamentos relacionados à ansiedade em comparação aos que ingeriram outros tipos de alimentos.

"Embora os resultados sejam promissores, é importante lembrar que foram obtidos a partir de modelos animais; portanto, são necessários mais estudos em humanos para compreender plenamente como os alimentos fermentados afetam diretamente a saúde mental", destacou o psiquiatra Harold Hong.

Como os alimentos fermentados ajudam

Os alimentos fermentados favorecem a saúde mental ao introduzir probióticos no intestino, contribuindo para a manutenção de um microbioma equilibrado – o conjunto de bactérias, fungos e vírus naturalmente presentes no organismo.

Esses microrganismos benéficos podem aprimorar a integridade da barreira intestinal, modular as respostas imunológicas do corpo e produzir substâncias que facilitam a transmissão de sinais entre as células nervosas, podendo influenciar a função cerebral.

Em termos de mecanismos de ação, os probióticos reduzem os níveis de proteína C-reativa – substância produzida pelo fígado e que se eleva em resposta a danos no corpo – e aumentam a produção de ácidos graxos de cadeia curta, também responsáveis por mitigar a inflamação.

Isso é particularmente relevante, pois estudos associam a depressão e a ansiedade à inflamação sistêmica.

Como os alimentos fermentados possuem propriedades anti-inflamatórias, a hipótese é de que um trato gastrointestinal fortalecido seja menos suscetível à inflamação, aprimorando, em última análise, a comunicação entre o intestino e o cérebro, explicou Meghan Garcia-Webb, médica e fundadora da plataforma Weight Medicine MD.

Entretanto, especialistas ressaltam que os alimentos fermentados não substituem a terapia, a medicação ou outros tratamentos para a saúde mental.

A relação entre o intestino e o cérebro

Segundo o neurocientista Michael Genovese, "esses dois órgãos estão conectados por nervos, hormônios e sinais imunológicos, permitindo que se influenciem mutuamente; se o microbioma intestinal estiver desequilibrado – com excesso de bactérias nocivas ou escassez de bactérias benéficas – podem ocorrer inflamações e alterações na função cerebral, contribuindo para a ansiedade, depressão e confusão."

Em outras palavras, cérebro e intestino mantêm um ciclo de feedback constante para assegurar que o organismo receba os nutrientes necessários.

Recomendações de especialistas 

Entre os alimentos sugeridos, destacam-se o kefir e o chucrute, populares na Europa Oriental; kimchi, miso e tempeh, amplamente consumidos na Ásia; e o iogurte.

Contudo, alguns alimentos fermentados podem apresentar níveis elevados de sódio e açúcar, o que pode reduzir os benefícios à saúde.

Bebidas alcoólicas fermentadas, como cerveja e vinho, não demonstram esse efeito.

Para começar a aproveitar os benefícios dos probióticos, os especialistas recomendam o consumo de, pelo menos, uma porção diária de alimentos fermentados, observando os efeitos no organismo, já que o excesso pode ocasionar desconforto digestivo.

O segredo, segundo eles, é manter a consistência no consumo ao longo do tempo, em vez de ingerir grandes quantidades de alimentos fermentados de uma só vez.