Notícias

Equador perante o FMI: de solvente a endividado em poucos anos

"O Equador não devia nada ao FMI e agora deve US$ 8,1 bilhões", lamenta o ex-ministro das Finanças Marco Flores.
Equador perante o FMI: de solvente a endividado em poucos anosGettyimages.ru / Felipe Stanley/Agencia Press South

O Equador deixou de ser um país solvente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) há alguns anos para ter uma dívida milionária com essa organização, que foi adquirida a partir da administração de Lenín Moreno (2017-2021).

"Quando o Governo de Moreno começou, o Equador não devia nada ao FMI; agora devemos 8,1 bilhões de dólares", disse o ex-ministro das Finanças do país andino, Marco Flores (1997-1998), em entrevista à Radio Pichincha.

Flores indicou que, este ano, o Governo equatoriano terá de pagar US$ 1 bilhão somente ao FMI, "e nos anos seguintes mais de US$ 1 bilhão, até pagar a totalidade do que deve", detalhou.

Durante a administração de Moreno, em março de 2019, o Governo equatoriano assinou um programa com o FMI para acessar um empréstimo de US$ 4,2 bilhões, que foi suspenso no ano seguinte porque o país não cumpriu algumas das metas estabelecidas pela organização; em setembro de 2020, o Conselho Executivo do FMI aprovou um novo acordo para um empréstimo de US$ 6,5 bilhões em 27 meses, no âmbito do Mecanismo de Financiamento Ampliado do FMI.

Esse acordo foi finalizado "com sucesso", segundo as autoridades equatorianas, em dezembro de 2022 - durante a administração de Guillermo Lasso - quando o FMI fez o último desembolso de 700 milhões de dólares.

Novo acordo

Agora, o presidente equatoriano Daniel Noboa anunciou recentemente que seu país está negociando um novo acordo com o FMI, que ele espera que seja concluído nos próximos dois ou três meses.

Com esse novo acordo, o Equador espera receber cerca de US$ 3 bilhões da organização internacional.

Nesse sentido, Flores disse que o país sul-americano não pode ter acesso a essa quantia porque já atingiu o limite de sua cota com a organização internacional. "De acordo com o que o próprio FMI diz, o que o Equador poderia obter é um máximo de 1,3 bilhão de dólares, não 3 bilhões", disse ele.

Ele explicou que os créditos que o FMI pode conceder ao Equador dependem da cota que o país tem na organização e, atualmente, não há mais cota, após os acordos firmados anteriormente.

No entanto, ele indicou que, após a pandemia de covid-19, o conselho do FMI criou "financiamento especial para economias pobres e médias que têm problemas fiscais, como o Equador, e problemas de financiamento", um programa chamado Fundo Fiduciário de Resiliência e Sustentabilidade (RST, em sua sigla em inglês).

Portanto, comentou, é com base nesse programa, que é o que o Equador tem em mãos, que o país poderia obter um máximo de US$ 1,3 bilhão.

Por outro lado, Flores apontou que, somente em 2024, o Ministério das Finanças tem de pagar pela dívida pública, entre capital e juros, US$ 8,471 bilhões, além de US$ 2,407 bilhões por Certificados do Tesouro (Cetes) e pagamentos pendentes de anos passados por mais US$ 3,675 bilhões.