
Jornalista divulga mensagens de grupo do círculo de Trump após ser adicionado por engano

Um jornalista norte-americano do veículo "The Atlantic" foi adicionado por engano a um grupo fechado de altos-funcionários dos EUA, destinado a discutir os ataques realizados pelo país contra os Houthis do Iêmen. Em uma matéria publicada nesta segunda-feira, Jeffrey Goldberg revelou o teor das conversas, confirmadas como verídicas pelo Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
Ele teria recebido, no dia 11 de março, uma solicitação para se comunicar na rede Signal (uma rede social de conversas, conhecida por oferecer mais segurança), de um usuário chamado Michael Waltz, nome do assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, e a aceitou "com a esperança de que fosse o verdadeiro assessor de Segurança Nacional e que quisesse falar sobre a Ucrânia, o Irã ou algum outro assunto importante".

No dia 13 de março, dois dias antes das autoridades norte-americanas anunciarem o início das operações militares contra os houthis, o adicionaram ao grupo "Grupo pequeno de PC houthis", em que estavam presentes, além de Waltz; o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance; o secretário de Defesa, Pete Hegseth; o secretário de Estado, Marco Rubio; dentre outras 18 pessoas.
BREAKING: The Trump admin accidentally texted a journalist, Jeffrey Goldberg, from The Atlantic, their top-secret war plans on Yemen. Texts are below between Vance and Hegseth, in which the journalist was included. Imagine if Biden did this! So incompetent. pic.twitter.com/CGIkNq0iNX
— Brian Krassenstein (@krassenstein) March 24, 2025
Michael Waltz iniciou a conversa enviando uma mensagem, detalhando para os integrantes que deveriam receber "um informe com as tarefas, seguindo as diretrizes do presidente", afirmando em seguida que elaboraram "listas de sugestões para aliados e sócios regionais".
J.D. Vance manifestou sua discordância com o ataque, opinando que estariam cometendo "um erro" e argumentando que "3% do comércio norte-americano passa pelo canal de Suez, e 40% do comércio europeu também".
"Existe um risco real de que a população não entenda isso e nem porque é necessário", escreveu o vice-presidente, reconhecendo, no entanto, que talvez o ataque seja importante para ''mandar uma mensagem''.
Por outro lado, Hegseth assegurou que iniciar as operações na região era uma ação necessária e que não mudaria nada "aguardar algumas semanas ou um mês". Destacou que "ninguém sabe quem são os Houthis", e que para comunicarem a medida para a população, deveriam focar em: "1) Biden falhou; e 2) o Irã o fundou".
O secretário de Defesa também salientou a importância de realizar os ataques naquele momento, para garantir que os EUA manejem a situação "nos seus próprios termos".
Como resposta, Vance afirmou: "Se acredita que devemos fazê-lo, vamos. Eu só odeio ter que resgatar a Europa novamente". O vice-presidente se referiu aos ganhos econômicos para a Europa que seriam garantidos pelas forças marítimas norte-americana.
Hegseth concordou com o apontamento de Vance, ressaltando que o comportamento "aproveitador" dos europeus é "PATÉTICO". Porém, argumentou que os EUA seriam "os únicos que podem fazer isso (do nosso campo)", e que as ordens do presidente de reabrir as rotas comerciais marítimas apresentam um momento oportuno para mobilizar as Forças Armadas.
Nesse contexto, o usuário nomeado "S M", interpretado por Goldberg como Stephen Miller, Conselheiro de Segurança Interna dos EUA, se junta à conversa. Manifesta que deveriam deixar claro para o Egito e a Europa "o que esperamos em retorno", e pensar como forçá-los a aderirem aos termos propostos. "Se os EUA conseguirem restaurar a liberdade de navegação a um custo elevado, será necessário obter algum ganho econômico adicional em troca", sugere.
Posteriormente, foram compartilhados detalhes dos próximos ataques contra o Iêmen, incluindo informações sobre objetivos militares, armas mobilizadas, assim como a sequência de ataques a serem realizados.
Depois que a ofensiva foi realizada, diversas mensagens foram enviadas, ressaltando o "bom trabalho" e o "bom começo" da investida.
Nesta segunda-feira, Donald Trump, respondendo a jornalistas sobre a matéria e se sabia algo sobre a entrada de Goldberg no grupo, declarou não estar familiarizado com o assunto "Não sei nada sobre isso. Não sou um grande fã do 'The Atlantic'. Para mim, é uma revista que vai desaparecer. [...] Porém não sei nada sobre ela. É a primeira vez que estou sabendo disso", afirmou.
- No dia 15 de março, Trump informou que havia ordenado às suas Forças Armadas que lançassem uma operação militar "decisiva e poderosa" contra os houthis do Iêmen, como resposta a "uma implacável campanha de pirataria, violação e terrorismo contra barcos, aviões e drones norte-americanos e de outros países" nas vias marítimas da região.
- Desde então, Washington bombardeou o país árabe em várias ocasiões.