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Como Sergey Lavrov resgatou o protagonismo da Rússia na esfera internacional

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia está à frente da Chancelaria do país há mais de duas décadas e tem uma carreira profissional de destaque desde 1972.
Como Sergey Lavrov resgatou o protagonismo da Rússia na esfera internacionalSputnik / Maxim Blinov

Hoje, 21 de março, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, completa 75 anos. No comando da diplomacia russa há 21 anos, ele se consolida como uma das figuras mais influentes e atuantes do governo do país.

Ao longo de sua extensa trajetória, tornou-se uma personalidade de destaque tanto na política russa quanto no cenário internacional. Para marcar a data, a RT reuniu fatos e momentos relevantes da carreira do chanceler.

Como parte das comemorações, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu nesta sexta-feira (21) a Lavrov a Ordem de Santo André Apóstolo da Primeira Chamada, a mais alta condecoração do país, em reconhecimento a seus "serviços extraordinários à pátria, sua grande contribuição para o desenvolvimento e a implementação da política externa da Rússia e por muitos anos de atividade estatal produtiva".

Em 9 de março de 2004, Lavrov assumiu o cargo com o objetivo de consolidar a política externa russa e promover os interesses do país.

"Os objetivos da política externa russa foram definidos e estão consagrados no Conceito de Política Externa aprovado pelo presidente Vladimir Putin. Como ministro, farei tudo o que puder para garantir que o trabalho seja mantido no nível adequado", disse em sua primeira coletiva de imprensa, uma semana após a nomeação.

Diplomacia de Lavrov 

O princípio central da diplomacia de Lavrov é direto: "A Rússia é um país pacífico. O confronto não é nossa escolha. Não impomos nada a ninguém nem ditamos como os outros devem viver. Estamos prontos para dialogar com todos os Estados, grandes ou pequenos, mas sempre com base na igualdade e no respeito mútuo".

É difícil encontrar um negociador que defenda os interesses de seu país com tanta firmeza e, ao mesmo tempo, mantenha-se aberto ao diálogo.

"Acredito que a verdade deve permanecer como nossa principal força em um mundo tão conturbado", afirma Lavrov.

"A honra e a dignidade da pátria, assim como de todos os nossos cidadãos, nunca foram e nunca serão moeda de troca em qualquer negociação", diz o chanceler.

BRICS

O chanceler russo foi essencial na consolidação dos BRICS, promovendo cooperação multilateral e diálogos políticos para um sistema internacional mais multipolar.

Sua atuação fortaleceu mecanismos como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Acordo de Reserva Contingente, além de defender reformas em instituições como ONU e FMI, ampliando a influência das economias emergentes.

Desafios mundiais 

Com uma carreira marcada por negociações estratégicas, Lavrov esteve no centro de diversos eventos globais de grande relevância. Um dos momentos mais significativos foi o conflito armado na Ossétia do Sul e Abkházia, em 2008, que exigiu uma resposta decisiva da Rússia.

Em fevereiro de 2015, em Minsk, Belarus, após 17 horas de negociações entre os líderes da Rússia, Alemanha, França e Ucrânia, Lavrov resumiu o resultado em poucas palavras à imprensa que aguardava detalhes: "Melhor do que super".

O Grupo de Contato Trilateral para a crise no Donbass concluiu, na época, os Acordos de Minsk, um conjunto de medidas para resolver o conflito no então leste da Ucrânia.

Nos últimos anos, Lavrov também esteve envolvido em outras negociações diplomáticas de alto nível, como o acordo nuclear iraniano, que resultou no Plano de Ação Conjunto Abrangente, e os esforços para a destruição de armas químicas na Síria, em maratonas diplomáticas realizadas em Genebra.

Entre os episódios mais simbólicos de sua trajetória, destaca-se o "reset" nas relações com os Estados Unidos. Em março de 2009, Hillary Clinton, então secretária de Estado dos EUA, presenteou Lavrov com um botão vermelho simbólico, representando a intenção de Washington de recomeçar sua relação com Moscou.

Agora, com a nova administração em Washington, o mundo observa se Moscou e os EUA conseguirão alcançar um novo "reset" nas relações bilaterais.

Em fevereiro deste ano, Lavrov viajou a Riad, na Arábia Saudita, para um encontro com autoridades norte-americanas, no primeiro diálogo de alto nível entre os dois países desde o início do conflito na Ucrânia. O chanceler classificou a reunião como "muito útil" e afirmou que os EUA começaram a compreender melhor a posição russa.

Carreira de destaque 

Em 2021, Lavrov revelou ter visitado cerca de 150 países ao longo de sua carreira, mas afirmou que nenhum deles supera sua pátria.

"Onde quer que você vá, por mais belas que sejam as paisagens, o lar é sempre melhor", disse o chanceler.

O Departamento de Informação e Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia estima que, desde 2004, Lavrov percorreu aproximadamente 3,5 milhões de quilômetros em viagens oficiais, o equivalente a mais de 80 voltas ao redor do mundo.