
Libertadores sem clubes brasileiros 'seria como Tarzan sem chita': a frase chocante do presidente da Conmebol
O paraguaio Alejandro Dominguez, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), usou uma frase infeliz para se referir à ideia de os times profissionais do Brasil se retirarem da Copa Libertadores, a mais importante competição de clubes do continente americano.
"Isso seria como Tarzan sem Chita, impossível", declarou Dominguez na noite de terça-feira, após um grupo de jornalistas o questionar sobre a possibilidade de os times brasileiros desistirem do torneio continental por causa dos comentários racistas e ataques xenófobos que recebem durante visitas a outros países quando jogam fora.
A terrível frase dita pelo dirigente da CONMEBOL causou rejeição imediata, especialmente do Brasil, porque se refere ao chimpanzé dos filmes de Tarzan, o que é semelhante aos dizeres usados pelos torcedores contra os jogadores brasileiros quando os chamam de "macacos" ou outros adjetivos para marcá-los como primatas.
DECLARAÇÃO ABSURDA E INACEITÁVEL DO PRESIDENTE DA CONMEBOL! 😡Alejandro Domínguez comparou a Libertadores sem brasileiros com Tarzan sem Chita, chimpanzé que era personagem de filmes dos anos 30 e 40. pic.twitter.com/NiOWJYmhMN
— TNT Sports BR (@TNTSportsBR) March 18, 2025
Por essa frase, descrita como "racista" e "xenofóbica", Dominguez publicou uma declaração no X. "Em relação às minhas recentes declarações, gostaria de expressar minhas desculpas. A expressão que usei é uma frase popular e nunca tive a intenção de menosprezar ou desqualificar ninguém. A Conmebol Libertadores é impensável sem a participação de clubes de todos os 10 países membros.
"Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol. Reafirmo meu compromisso de continuar trabalhando por um futebol mais justo, mais unido e livre de discriminação", acrescentou Dominguez em sua carta.
Desde que ocorreram vários incidentes racistas nos campos de futebol da América do Sul, muitas vozes têm pedido que a Conmebol aplique punições severas para acabar com o racismo e a xenofobia no futebol.
Caso Palmeiras
Um dos casos mais recentes ocorreu no Paraguai em 6 de março, quando, em uma partida da Copa Libertadores Sub-20, o jogador Luighi, atacante do clube brasileiro Palmeiras, chorou ao reclamar que os torcedores do time paraguaio Cerro Porteño haviam feito comentários racistas para ele.
A Conmebol multou o clube em US$ 50.000 e baniu os torcedores de futuros jogos do torneio. No entanto, para a diretoria do Palmeiras, a punição não foi suficiente.

Durante o recente sorteio da fase de grupos da Copa Libertadores, o próprio Dominguez se solidarizou com a "dor do Luighi". "Nosso desafio é ser justo com os responsáveis por esses atos (...) A Conmebol aplica sanções e faz todo o possível para mudar essa realidade. Mas não é o suficiente", acrescentou.
Por sua vez, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, afirmou que achava difícil acreditar que a declaração de Dominguez comparando os clubes brasileiros a Chita fosse verdadeira. "Confesso que achei difícil de acreditar. Cheguei a pensar que poderia ser inteligência artificial", disse.
"Pensando bem, nem mesmo uma inteligência artificial seria capaz de emitir uma declaração tão desastrosa como essa. É impossível que, mesmo depois do caso de racismo contra atletas do Palmeiras no Paraguai, o presidente da Conmebol faça uma comparação tão abominável", acrescentou. Pereira, que já havia proposto que os clubes brasileiros deixassem a Conmebol e, em vez disso, sugeriu que eles se juntassem à Confederação de Futebol da América do Norte, Central, Caribe e Caribe (Concacaf).
Pereira também afirmou que a expressão de Dominguez "parece até uma provocação ao Palmeiras e a outros clubes brasileiros. Essa declaração demonstra, mais uma vez, a dificuldade da Conmebol em entender o que é racismo. Se aqueles que comandam o futebol sul-americano não sabem nem o que é racismo, como poderão combatê-lo?", questionou.