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Comitê da UFG decide que estudante 'não é pardo' e barra seu ingresso por cotas

Segundo a avaliação da banca, Richard Aires de Sousa, de mãe negra e pai branco, tem "pele clara e cabelo liso".
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Richard Aires de Sousa, de 19 anos, teve sua vaga por cotas na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, negada pela Comissão de Heteroidentificação, informou o G1 nesta quarta-feira (19). 

O estudante de mãe negra e pai branco não foi reconhecido pelo grupo como pardo. Segundo a avaliação da banca, composta por cinco membros, Richard tem "pele clara e cabelo liso". 

Richard não concordou com a decisão e entrou com um recurso para questioná-la. Ele destacou que se identifica como uma pessoa parda, "filho de uma mãe preta com avós pretos e um pai branco com avós brancos".

O jovem explicou que, devido a essa mistura, ele possui "uma pele não branca porém com cabelo liso, nariz largo e lábios grossos, características vindas obviamente da miscigenação". 

"Eu não sou claro o suficiente para ser considerado uma pessoa branca e nem negro o suficiente para ser considerado uma pessoa negra, então fico nesse meio termo. Então acredito que foi uma decisão errônea", afirmou. 

A família de Richard pretende entrar na Justiça contra a decisão.

O presidente da Comissão de Heteroidentificação da UFG, Pedro Cruz, comunicou que a banca avalia os candidatos segundo seus próprios padrões.

"Quando um concurso ou processo seletivo utiliza os nossos critérios de cor ou raça, há uma banca de heteroidentificação do certame que analisa os candidatos segundo seus próprios padrões para definir o que se encaixa em cada categoria", destacou ele.

De acordo com a nota da universidade, após o candidato passar pela banca inicial (Comissão de Heteroidentificação) e posteriormente pela banca recursal (Comissão Recursal), e o recurso for indeferido, administrativamente não há mais possibilidade de recurso.