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Relatório sobre supostos crimes sexuais do Hamas gera tensões entre Israel e a ONU

As autoridades israelenses acusaram as Nações Unidas de minimizar o relatório, após o secretário-geral, António Guterres, se recusou a convocar uma audiência do Conselho de Segurança sobre as alegações.
Relatório sobre supostos crimes sexuais do Hamas gera tensões entre Israel e a ONULegion-media.ru / Lev Radin/Sipa USA

A enviada especial da ONU para violência sexual em conflitos, Pramila Patten, apresentou um relatório na segunda-feira dizendo que há "motivos razoáveis para acreditar" que a violência sexual, incluindo estupros e estupros coletivos, ocorreram durante o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

Patten visitou Israel entre 29 de janeiro e 14 de fevereiro em uma missão para juntar e verificar informações sobre a violência sexual relacionada aos ataques. "Também foram coletadas informações circunstanciais confiáveis, que podem ser indicativas de algumas formas de violência sexual, incluindo a mutilação genital, a tortura sexualizada ou tratamento cruel, desumano e degradante", diz o relatório.

Embora Patten tenha admitido que sua equipe não conseguiu se encontrar com nenhuma das supostas vítimas de estupro, afirmou que o grupo da ONU reuniu informações de instituições israelenses, testemunhas dos ataques e reféns libertados. Com base nessas informações, disse, é "razoável" acreditar que o estupro coletivo e outras violências sexuais ocorreram em pelo menos três locais distintos em 7 de outubro.

"A equipe da missão encontrou informações claras e convincentes de que alguns reféns levados para Gaza foram submetidos a várias formas de violência sexual relacionadas ao conflito e tem motivos razoáveis para acreditar que essa violência pode estar em andamento", acrescentou.

Israel critica a ONU

Por sua vez, Israel acusou a ONU de minimizar o relatório após o secretário-geral da entidade, António Guterres, ter se recusado a convocar uma audiência no Conselho de Segurança sobre as alegações.

Nesse contexto, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, anunciou que convocou seu embaixador nas Nações Unidas, Gilad Erdan, para consultas imediatas sobre a tentativa de silenciar o grave relatório da ONU sobre as violações maciças cometidas pelo Hamas e seus auxiliares em 7 de outubro".

Ao comentar o relatório, Erdan criticou a organização internacional por ter demorado tanto para reconhecer o que aconteceu na periferia de Gaza. "A ONU levou cinco meses para finalmente reconhecer os horríveis crimes sexuais que ocorreram durante o ataque do Hamas em 7 de outubro", disse o diplomata em um comunicado. "Agora que o relatório sobre as atrocidades e abusos sexuais sofridos por nossos reféns em Gaza está sendo divulgado, a vergonha do silêncio da ONU, que nem sequer realiza uma audiência sobre o assunto, brada aos céus", acrescentou.