Ruanda rompeu relações diplomáticas com a Bélgica nesta segunda-feira (17), dando aos representantes do país europeu 48 horas para deixar a nação africana.
"A decisão de Ruanda foi tomada após uma cuidadosa consideração de vários fatores, todos ligados às lamentáveis tentativas da Bélgica de manter suas ilusões neocoloniais", declarou o governo de Ruanda.
Desmascarando as "ilusões coloniais" belgas
O Estado europeu foi acusado de "minar sistematicamente" Ruanda tanto antes quanto durante a atual escalada do conflito na República Democrática do Congo (RDC), no qual Bruxelas "tem um papel histórico profundo e violento, especialmente ao agir contra Ruanda".
"Hoje, a Bélgica claramente tomou partido em um conflito regional e continua a se mobilizar sistematicamente contra Ruanda em diferentes fóruns, usando mentiras e manipulação para garantir uma opinião hostil injustificada sobre Ruanda, em uma tentativa de desestabilizar Ruanda e a região", explicou o Governo do país africano.
O governo, liderado por Paul Kagame, lembrou ainda "o papel histórico destrutivo da Bélgica em alimentar o extremismo étnico" que culminou no genocídio de 1994 da etnia hutus sobre os tutsis no país da África Central.
"A decisão de hoje reflete o compromisso de Ruanda de salvaguardar nossos interesses nacionais e a dignidade dos ruandeses, e de defender os princípios de soberania, paz e respeito mútuo", diz o comunicado.
Reação da Bélgica
Por sua vez, a Bélgica imediatamente descreveu a medida como "desproporcional" e expulsou todos os diplomatas ruandeses do país europeu. "A Bélgica lamenta a decisão de Ruanda de romper relações diplomáticas com a Bélgica e declarar os diplomatas belgas persona non grata", declarou o ministro das Relações Exteriores belga, Maxime Prevot, nas redes sociais.
"Isso é desproporcional e mostra que, quando discordamos de Ruanda, eles preferem não dialogar", acrescentou.
Pedidos de sanções contra Ruanda
No domingo (16), o líder de Ruanda acusou Bruxelas de defender sanções internacionais contra seu país após a escalada do conflito no leste da República Democrática do Congo, juntando-se à Alemanha, aos Estados Unidos e ao Reino Unido.
A RDC e vários países ocidentais acusam a vizinha Ruanda de apoiar o grupo rebelde M23, que se apoderou de vários locais estratégicos nos últimos meses. Por sua vez, Kigali nega tais acusações.