Em um artigo publicado na segunda-feira, o analista indiano Ravi Dutta Mishra afirmou que seu país tem adotado uma postura ''cautelosa'' diante do papel do dólar norte-americano no comércio internacional.
O analista observou que Nova Delhi atentou-se ao precedente criado pelas sanções impostas à Rússia e adotou medidas para diminuir sua dependência do dólar, visando internacionalizar a moeda local, a rúpia. Uma dessas iniciativas foi a decisão do banco central do país, que passou a permitir a liquidação e os pagamentos do comércio internacional em rúpias indianas em 2022.
O país também manifestou, durante a cúpula do BRICS em Kazan, que "saúda os esforços para aumentar a integração financeira entre os países" do grupo, e que "o comércio em moedas locais e os pagamentos transfronteiriços tranquilos fortalecerão nossa cooperação econômica".
Ao mesmo tempo, no entanto, o ministro das Relações Exteriores da Índia já afirmou que o país "não tem interesse em enfraquecer o dólar'':
"Nunca tivemos o dólar como alvo ativo. Isso não faz parte de nossa política econômica, política ou estratégica. Alguns outros podem ter feito isso. O que posso dizer é que temos uma preocupação natural. Muitas vezes, temos parceiros comerciais que não têm dólares para fazer transações. Portanto, precisamos decidir se renunciamos às negociações com eles ou se encontramos acordos alternativos que funcionem. Não há nenhuma intenção maliciosa com relação ao dólar", afirmou o chanceler em um evento organizado por um think tank americano em Washington.
Para o analista, ''um dos principais motivos pelos quais a Índia não está apoiando a desdolarização é a ascensão do yuan chinês como um adversário do dólar americano''. Ele observa que Nova Delhi tem resistido a usar o yuan para as importações de petróleo da Rússia, mesmo que a aceitação da moeda esteja crescendo no gigante euroasiático.