
Economista culpa agronegócio voltado à exportação por alta do preço dos alimentos no Brasil

Uma grande produção agrícola, voltada ao mercado internacional, está causando o crescimento da inflação sobre os alimentos no Brasil. Essa é a hipótese defendida pelo economista, agrônomo e professor universitário da Unesp, José Giacomo Baccarin.
O professor, que também é um dos fundadores do Instituto Fome Zero (IFZ), deu uma entrevista para o jornal O Joio e o Trigo, na qual destacou que a raiz da presente crise não está em fatores naturais, como afirmaram autoridades do governo brasileiro.
Embora dê razão a certos fatores conjunturais, como a alta do preço da carne no mercado internacional, o intelectual chama atenção para grandes ciclos de inflação especificamente sobre alimentos, que datam desde 2007. Esse cáculo foi feito ao comparar o IPCA e o IPAB (Índice de Preço de Alimentação e Bebida) no mesmo período.

No contexto brasileiro, esse crescimento de preço estaria vinculado a uma grande produção agrícola, que percebendo o crescimento da exportação de certos gêneros, direciona de forma não-planejada seus investimentos. Esse movimento prejudicaria tanto alimentos visados pelo mercado externo, quanto aqueles que passam a ser negligenciados pelos produtores nacionais, causando um aumento geral de preços.
Como solução, Baccarin defendeu a necessidade de uma intervenção pontual do governo, a se dar nos momentos de repique de preço, como uma ação imediata a ser efetivada no mercado internacional. Essa poderia ser tanto um imposto de exportação, "ou até contenção da exportação".
Aumento dos preços
O Brasil tem visto um grande crescimento na inflação dos alimentos. Na quinta-feira passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou uma série de medidas para solucionar a questão e reduzir o preço para o consumidor final.
Dentre elas, destaca-se a isenção da alíquota de imposto de importação sobre uma série de produtos, dentre eles carnes, azeite e café.
O presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, também afirmou que "não descarta" assumir iniciativas mais drásticas para conseguir reduzir o preço de gêneros alimentícios.