
Brasil pode se beneficiar com guerra comercial entre China e EUA

As novas tarifas impostas pela China sobre os produtos agrícolas dos EUA podem remodelar os fluxos de comércio globais, levando o país asiático a importar mais carne, grãos e laticínios da América do Sul, Europa e Pacífico, informou a Reuters nesta quarta-feira (5).
Segundo analistas, a guerra comercial entre as maiores economias do mundo pode resultar no aumento da importação de produtos brasileiros para a China, seu principal fornecedor de soja; da Austrália, seu principal exportador de trigo; e da Europa, seu principal fornecedor de carne suína.

Na última terça-feira (4), a China retaliou as novas tarifas dos EUA, anunciando aumentos de 10% e 15% nas taxas de importação que abrangem US$ 21 bilhões em produtos agrícolas americanos.
"Os principais produtos afetados são vísceras de porco e pés de frango. Para a carne suína, tanto músculo quanto miúdos, a China obterá mais suprimentos do Brasil, Espanha, Holanda e outros países da UE", disse Pan Chenjun, analista sênior de proteína animal do Rabobank em Hong Kong.
Cerca de metade das exportações de soja dos EUA vai para a China. Apesar de o principal comprador do mundo ter reduzido sua dependência de sementes oleaginosas americanas desde o primeiro mandato de Trump, a última tarifa sobre a soja americana causa uma dependência ainda maior do Brasil e da Argentina.
“Quanto à soja, os fornecedores sul-americanos provavelmente serão beneficiados. Os fornecedores de outras sementes oleaginosas, como a canola, também podem ser impulsionados”, disse Dennis Voznesenski, analista do Commonwealth Bank em Sydney.
A China é o maior mercado para as exportações agrícolas dos EUA, que envolve US$ 29,25 bilhões em produtos em 2024, e qualquer mudança nos fluxos comerciais poderia criar oportunidades para exportações rivais.
Para saber mais sobre as guerras comerciais da era Trump, confira nosso artigo.