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Ex-cirurgião francês admitiu ter usado sua posição para abusar sexualmente de crianças
Sobre ele pesam 111 acusações de estupro e 189 acusações de agressão sexual ocorridas entre 1989 e 2014 contra 299 vítimas, das quais 256 eram menores de 15 anos.
O médico francês Joël Le Scouarnec, de 74 anos, confessou nesta terça-feira (4) a um tribunal de Vannes, na região francesa da Bretanha, que se aproveitava de sua condição de médico para abusar de crianças: "Eu era um cirurgião que usava de minha posição para atacar crianças, não nego isso".
O ex-cirurgião declarou ainda que, apesar dos abusos que perpetrava contra as crianças, isso não afetava seu trabalho: "Eu estava desempenhando minhas atividades profissionais da melhor forma possível, mas ao mesmo tempo estava abusando sexualmente de pacientes jovens", disse ele.
Dirigindo-se aos ex-colegas que o consideravam um bom cirurgião, Le Scouarnec pediu desculpas por ter mentido para esconder seus crimes: "Eles pensavam que eu era um homem honrado, mas, na verdade, eu sou exatamente a pessoa que agora está diante de vocês - um criminoso".
Le Scouarnec declarou ao tribunal que tinha o desejo de se tornar cirurgião desde jovem e negou que a mudança regular de hospitais estivesse ligada à tentativa de evitar alguma exposição ou de obter acesso a novas vítimas.
Após confessar estupros anteriormente ainda não revelados e descrever-se como um "pervertido" obcecado por pensamentos violentos, Le Scouarnec confirmou que usava seu consultório nos hospitais onde trabalhava como um "porto seguro" para suas atividades criminosas guardando cadernos e discos com imagens dos abusos em armários e gavetas.
A média de idade das vítimas era de 11 anos, mas as acusações também relatam o estupro de um bebê de um ano e também uma agressão sexual a uma paciente de 70 anos. Muitas vítimas foram violentadas sob efeito de anestesia e, portanto, não sabiam de nada.
O julgamento deverá continuar até junho.
Entenda o caso
Joël Le Scouarnec, médico acusado de estuprar ou agredir sexualmente 299 pacientes entre 1989 e 2014, responde por crimes cometidos contra 158 homens e 141 mulheres, sendo que, de todas as vítimas, 256 delas tinham menos de 15 anos, com uma média de idade de 11. O réu admitiu parcialmente algumas das acusações, mas refutou outras.
Em 2004, as autoridades francesas foram alertadas pelo FBI sobre as atividades online do médico, mas ele não foi preso, apenas interrogado. A polícia não realizou uma busca completa, deixando de investigar seu consultório no hospital, onde poderiam ter encontrado mais provas. Em 2005, quando foi condenado por esse crime, ele não recebeu tratamento psiquiátrico nem foi proibido de trabalhar com crianças.