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Maduro propõe na Celac que a América Latina e o Caribe sejam declarados um território livre de sanções

O presidente também destacou a necessidade de estabelecer uma Secretaria Geral dentro da organização, que serviria como um mecanismo de consulta, comunicação permanente e tomada de decisões entre os governos da região.
Maduro propõe na Celac que a América Latina e o Caribe sejam declarados um território livre de sançõesGettyimages.ru / Carolina Cabral

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs na sexta-feira que a América Latina e o Caribe sejam declarados um território livre de medidas coercitivas unilaterais porque tais ações ameaçam a paz regional.

"Esta organização, nós da América Latina e do Caribe, devemos reagir às políticas de sanções, agressões e de guerra econômica, que também é outra forma de perturbar a paz. Se é um território de paz, deve ser um território livre de medidas coercitivas unilaterais, livre de sanções econômicas, livre de formas de guerra econômica, de intervencionismo, de ameaças de uso da força", sustentou o mandatário em seu discurso na 8ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Celac.

Secretaria Geral necessária

Maduro informou que o mecanismo de integração avançou na construção de uma infraestrutura e de uma secretaria geral que represente a região globalmente e "complemente a presidência pro tempore e dê continuidade aos planos de todas as presidências", que se revezam anualmente.

"Estamos há 16 anos nesse caminho, que é o caminho dos libertadores de todas as épocas, do século XIX, do século XX, dos nossos fundadores: o caminho da união da nossa América", disse o presidente, contando o nascimento e o desenvolvimento da organização, da qual participam todas as nações da América Latina e do Caribe.

Do seu ponto de vista, é imperativo estabelecer "uma metodologia de consulta em tempo real, que não espere pelo desenvolvimento das cúpulas", mas que mantenha os governos "comunicados e interconectados em todas as questões da região e do mundo; uma agenda presidencial de alto nível de consulta e tomada de decisão permanente", semelhante à de instâncias como a União Africana.

"Muitos admiram a estrutura da União Europeia (UE), mas a admiram de fora (...); quando olham para dentro, não gostariam que a Celac tivesse a estrutura da UE, que realiza reuniões de chefes de Estado e de Governo pelo menos a cada seis meses", que são realizadas sem pressa, já que os assuntos de interesse são amplamente discutidos e as decisões relevantes são tomadas.

Julgamento de Netanyahu

O dignitário venezuelano também fez comentários sobre a situação em Gaza, pediu a necessidade de estabelecer uma posição "clara" da Celac sobre o assunto e defendeu o julgamento em tribunais internacionais do presidente israelense Benjamin Netanyahu.

"Acredito que a preocupação de milhões de seres humanos no planeta e de dezenas de governos é válida, para que nossa região tenha uma posição clara e acompanhe a União Africana, a organização da comunidade islâmica, buscando e exigindo um cessar-fogo em Gaza, o respeito à vida dos palestinos e que o senhor [Benjamin] Netanyahu e o Governo fascista e neonazista de Israel sejam investigados e julgados de acordo com a justiça internacional", disse.

No entanto, Maduro enfatizou que Caracas defende "a compreensão e a construção de uma posição humanista na Celac e na América Latina" sobre essa questão.