
'Rainha Ursula': como Von der Leyen usurpou o poder na Europa

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, pode estar planejando aumentar seu domínio na Europa. Dada a sua reputação de buscar o controle absoluto sobre a tomada de decisões e a supervisão rigorosa das comunicações dentro da UE, a perspectiva de que seu poder se expanda de forma ainda mais acentuada levantou preocupações entre os países do bloco, informa o Politico.
Von der Leyen poderia aproveitar a oportunidade das negociações sobre defesa que surgiram no continente. A União Europeia está buscando reforçar sua segurança em face da iminente retirada militar dos EUA do continente. Tal desenvolvimento deveria unir o bloco mais do que nunca, mas, em vez disso, parece estar em jogo uma tomada de poder, observa o artigo.

As capitais europeias temem que Von der Leyen use essa crise para estender os poderes de Bruxelas a novas áreas e fortalecer sua influência sobre os governos nacionais, relata o jornal, que já informou anteriormente que ela governa de forma quase presidencial, tomando decisões sozinha com um pequeno grupo de assessores, em sua maioria alemães, sem levar em conta as deliberações do Parlamento Europeu.
Um exemplo desse controle foi visto em 20 de janeiro, o dia da posse do presidente dos EUA, Donald Trump, quando os assessores dos comissários europeus só puderam compartilhar a mensagem oficial de felicitações de Von der Leyen nas mídias sociais, sem a possibilidade de acrescentar seus próprios comentários. Outro episódio ocorreu no mesmo mês, quando a presidente adoeceu com pneumonia. Apesar de seu estado de saúde, ela não delegou funções ao seu segundo em comando, o que atrasou a tomada de decisões da UE.
"Eles não querem que lhes digam o que fazer"
A chefe da CE "deixou de lado" os políticos europeus durante a compra de vacinas para a pandemia, bem como durante a adoção de sanções contra a Rússia e o fornecimento de armas a Kiev no início do conflito na Ucrânia. Segundo o Politico, por sua estratégia centralizadora, ela ganhou o apelido de "Rainha Ursula". Mas os líderes da UE não querem que essa situação se repita, neste caso, na área de gastos com defesa.
"A defesa continua sendo uma responsabilidade nacional", disse um diplomata de alto escalão da UE, falando sob condição de anonimato, abordando a oposição de seu país a um fundo de defesa gerenciado pela CE. Suas palavras foram apoiadas por outra fonte, que concordou que "os estados-membros não querem que pessoas de fora lhes digam o que fazer".
É preciso "rearmar" a Europa
As tensões podem chegar ao ápice em uma reunião de emergência dos líderes da UE em 6 de março, para a qual von der Leyen anunciou que "apresentaria um plano abrangente para rearmar a Europa", observa o Politico.
De acordo com o documento preliminar, a CE será pressionada a dar aos países mais espaço fiscal "sem demora" e a propor "fontes adicionais de financiamento" para a defesa "em nível da UE", incluindo a possibilidade de redirecionar fundos para o desenvolvimento regional. A Comissão também oferecerá diferentes "opções de financiamento" aos líderes do bloco.
Como parte da reunião, Von der Leyen explicará como pretende flexibilizar as regras de gastos da UE para permitir que os países isentem efetivamente os gastos militares dos limites de déficit orçamentário rigidamente controlados por Bruxelas.
No entanto, a Polônia adere à ideia de que os estados devem ter mais liberdade para definir os gastos com defesa, podendo decidir independentemente sobre os investimentos e, assim, limitar o papel de monitoramento da Comissão. Se a proposta de Varsóvia não ganhar força, a CE "terá mais poder", alertou um diplomata.